Raramente na história recente do Brasil o país esteve tão dividido politicamente como nestas eleições para Presidente da República. O Brasil está rachado no meio e fraturado em pedaços. Não só porque os candidatos têm quase as mesmas intenções de voto (segundo as pesquisas), mas também e, principalmente, pela enorme radicalização política que corta o Brasil em dois blocos carregados de emoção. O PT radicaliza no discurso e tenta provocar uma fragmentação do país entre pobres e ricos, pretos e brancos, povão e elite, bons e maus. No último discurso no Recife Lula comparou os adversários aos nazistas e a “Herodes que mandou matar Jesus Cristo quando ele nasceu com medo de ele virar o homem que virou”. No mesmo comício, Dilma disse que “iam dar uma derrota em regra para os tucanos (sic). Não vamos deixar pena de tucano presa, só voando por aí”. Por outro lado, em amplos segmentos da classe média e alta das cidades, no empresariado e na maioria dos intelectuais brasileiros formou-se uma rejeição violenta ao PT e ao seu governo numa mistura de decepção (muitos deles criaram e votaram no PT) e indignação diante da arrogância e da grosseria da candidata do PT e dos seus principais líderes. Esta radicalização política carregada de intolerância vai contaminar a governabilidade do futuro governo, independente de quem ganhe as eleições, dificultando a implementação das reformas e das medidas estruturadoras de mudança que preparem o Brasil para o futuro. Vai ser difícil para o futuro presidente da República juntar os cacos desta radicalização e divisão política do país, amenizar o confronto e os ressentimentos, negociar e articular as forças sociais do Brasil em torno de um projeto de desenvolvimento