Black hole.

 

Alguém precisa avisar aos astrofísicos que acabam de ganhar o prêmio Nobel de Física, o britânico Roger Penrose, o alemão Reinhard Genzel e a americana Andrea Ghez, que não precisam focar seus poderosos telescópios para o espaço e manejar suas equações matemáticas na busca e na análise de buracos negros do universo. Aqui, bem perto, existe um buraco negro chamado Brasil, fenômeno social e político e não físico, mas que, de forma semelhante, impede a liberação do tênue brilho deste grande, pesado e decadente astro da constelação de países do planeta.

Se os buracos negros da física quebram todas as leis da natureza, o Brasil ignora as mais simples regras de sensatez e responsabilidade política e social. Todas as suas energias estão dominadas pela polarização fanática, pelos conflitos de interesses mesquinhos, privilégios corporativos e patrimoniais, pelo populismo e pelo imediatismo da sociedade, e pela corrupção sistêmica.

Tudo isso reforçado por um governo retrógrado, autoritário e incompetente. O buraco se fechou de vez com o pacto da patifaria firmado pelo Presidente da República e pelo Centrão e contando com a participação ativa e o aval de ministros do STF-Supremo Tribunal Federal com o objetivo de acabar com o incômodo da Operação Lava jato. “Acabei com a Lava jato”, afirmou Bolsonaro, ironia de péssimo gosto que apenas confirma o acordo para impedir que investigações da corrupção no Brasil atinjam seus filhos e os aliados de última hora no Congresso Nacional. Mesmo com a decisão do ministro Luiz Fux, presidente do STF, de trazer os processos da Lava jato para o plenário, esvaziando a Segunda Turma, a corrupção parece que está liberada no Brasil e os corruptos devidamente protegidos da visão crítica da imprensa e da repulsa da sociedade. O abraço caloroso de Bolsonaro e Toffoli é o símbolo deste pacto que afunda o buraco negro chamado Brasil.