Todos os anos, milhares de africanos emigram para diversos países desenvolvidos, principalmente Europa, continente rico, próximo e, além do mais, com um passado colonialista na África. Os dramáticos incidentes da morte dos líbios em embarcações improvisadas, são o doloroso testemunho de um fenômeno recorrente com diferentes trajetórias mas, quase sempre, sujeitos a uma máfia de traficantes de humanos. Ninguém sai do seu país numa grande incerteza, arriscando a morte e abandonando família e amigos, se tiver condições de vida digna e segura na própria sua terra. Por isso, a melhor política dos países desenvolvidos para os imigrantes não é abrir as portas para uma maciça imigração de desesperados africanos, muito menos impedir com violência a entrada dos refugiados. A forma mais adequada para deter este fluxo descontrolado de imigração e, além do mais melhorando a vida dos africanos, seria a implementação de ações ousadas de apoio ao desenvolvimento dos países da África, para que a população do continente não se motive a emigrar, abandonando sua pátria para arriscar uma vida de desenraizado. Espécie de Plano Marshall para a África, a exemplo do executado pelos Estados Unidos na reconstrução da Europa após a segunda guerra mundial que, em quatro anos, injetou mais de 132 bilhões de dólares (a preços de hoje) nos países europeus, criando as condições para a rápida e consistente recuperação econômica dos aliados. Não foi apenas um gesto de generosidade dos americanos mas uma iniciativa para reconstruir futuros parceiros comerciais e aliados políticos e militares. O mesmo conceito pode ser pensado para a África: uma grande mobilização dos países desenvolvidos com apoio das Nações Unidas na promoção de uma transformação econômica no continente africano contribuindo para deter os descontrolados e perigosos movimentos migratórios. Mas o grande desafio, mais do que a decisão da alocação desses recursos, são as ditaduras de vários países africanos é a cultura política dos governantes e da elite política da África, na sua maioria corrupta e despreparada.