Editorial

Com uma rima pobre, a crença popular considera que agosto é o mês do desgosto. Nos meios políticos, agosto costuma ser associado a eventos dramáticos que marcaram a história do Brasil, três dos quais envolvendo presidentes ou ex-presidentes da República: o suicídio de Getúlio Vargas, a renúncia de Jânio Quadros e a morte de Juscelino Kubitschek num estranho acidente de carro. Para confirmar a expectativa de acontecimentos importantes, tudo indica que agosto de 2016 será marcado por dois fatos de enorme relevância política, sem a força dramática dos citados acima, mas com grande impacto no futuro do Brasil: o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, interrompendo o seu governo irresponsável, arrogante e incompetente; e a cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara de Deputados, acabando com o seu domínio de manipulação política e corrupção. Confirmados estes dois fatos políticos, o Brasil pode comemorar este agosto de 2016, que estará negando sua má fama de tragédia e desgosto (desgosto apenas para uma pequena minoria de brasileiros). Em todo caso, a comemoração deve ser breve e vigilante. Porque os brasileiros devem continuar, e mesmo reforçar, o combate à corrupção, apoiando a operação Lava Jato e o projeto de lei anticorrupção do Ministério Público, e ampliar o debate em torno das reformas estruturais e das decisões políticas que preparem o Brasil para o futuro. Este agosto tem também as Olimpíadas do Rio de Janeiro, o maior acontecimento esportivo do planeta. Que seja apenas festa e completamente livre de qualquer conotação política, livre principalmente da barbárie do terrorismo. Agosto pode então se livrar de vez da velha  rima.