Parece que não teremos um outubro vermelho, mas para o
governo ele arrisca ser roxo, de raiva.
Declaração de um filósofo de rua.

Eli S. Martins*

Personagem do filme V de Vingança.

Personagem do filme V de Vingança.

RECLAMAÇÃO

Inflação, atraso no décimo terceiro dos aposentados, aumento de impostos, porém, o ‘pixuleco’ continua isento e não tributável. É justo?

VAI QUE VAI

Quando se anunciou que o governo perdeu o grau de investimento alguém no Congresso gritou. Agora vai. E outro completou: Ladeira abaixo.

PERDEU MAIS UMA VEZ

Levy depois desta derrota da perda do grau de investimento, que tanto fez para impedir, passou a ser chamado de “o colecionador de derrotas”.

CONCILIANDO O INCONCILIÁVEL

Dilma tenta conciliar a visão do Estado enxuto de Levy, com o Estado desenvolvimentista de Barbosa e Mercadante. Conclusão, como diz Renan, o Estado não cabe no PIB.

DESORIENTADO, QUEBRADO E CÍNICO

Quando chegou o orçamento deficitário no Congresso um assessor comentou: “Eu acho que o governo está desorientado, quebrado e cínico. Desorientado, porque não sabe o que fazer, quebrado, porque não tem dinheiro, e cínico, porque jogou para nós o problema. Eu não vejo como é que nós vamos poder trabalhar para pôr ordem nisso e depois a presidente vai dizer que fomos nós que fizemos os cortes dos gastos que ela autorizou.”  O orçamento deficitário foi a gota d’água para o Brasil perder o título de bom pagador. Mas uma tolice dos  assessores da tia, com protesto do Levy.

REPÚBLICA DO ESPARADRAPO

Este é o novo apelido do Governo Dilma.

ONDE ESTÁ O DINHEIRO?

Em face da crise, uns respondem que é necessário ampliar a arrecadação por meio de impostos, outros por meio de cortes dos gastos públicos. Em resumo: onde podemos encontrar o dinheiro para nos tirar do buraco? Este ano já pagamos quase 500 bilhões de juros. E com as taxas de juros que mantemos, sem aparente razão, pois não vivemos nenhuma inflação de demanda, que está quase no chão, o pagamento dos juros tenderá a aumentar. Não tem algo de irracional na órbita financeira? Fazemos um esforço enorme para economizar 50 de um lado, e gastamos 500 de outro. Devo estar delirando com tantos remédios, pois não vejo ninguém se perguntando sobre isso.

O ENCURTAMENTO DO TEMPO

O governo está tão desorganizado que seus anúncios de medidas se desfazem, agora, em horas. Levy diz que vai aumentar o imposto de renda, duas horas depois Barbosa diz que não é bem assim.  Antes, como o caso da CPMF, durava três dias, e antes ainda, no caso do adiamento das aposentadorias, durou uma semana. O tempo dos desmentidos do anúncios do governo é cada vez mais curto. Minha faxineira, Dona Isabella, logo concluiu: “E o tempo dele também”.

O PMDB NO GOVERNO

Agora é que acabou mesmo o governo do PT. O PMDB fechou questão: no Congresso não passa aumento de impostos. Mesmo se for por Decreto Presidencial, o Congresso pode derrubá-lo com um Decreto Legislativo. Não tem jeito, ou dá ou desce.

ONDA MACARTISTA

A Câmara dos Deputados, templo conservador da República, está tentando proibir que se xingue deputados pela internet – medida inspirada na Coreia do Norte, certamente – e que as mulheres usem vestido com decote – medida inspirada no Estado Islâmico, provavelmente. As mulheres não deixaram por menos: “Cuidem de seu decoro, que nós nos ocuparemos de nossos decotes”.

FALTA BOMBEIRO

De um lado, o poder judiciário aumenta o salário de seus servidores e dirigentes, o Senado compra carros novos para os senadores, a Câmara amplia os recursos do fundo partidário, e de outro a Presidente gasta 100 mil dólares em uma estadia em cidade americana, com séquito nababesco, tem quase 40 ministérios e mais de 23 mil cargos comissionados, além de mais de 140 empresas estatais, provavelmente, a maioria, terreno favorável para a corrupção. Todos incendiários. Cadê um bombeiro?

AS ALOPRADAS CONTINUAM SOLTAS

Uma delas é a secretária executiva do Ministério da Defesa, casada com o segundo homem do MST. Aproveitou que o ministro estava na China e emplacou um decreto presidencial retirando dos comandantes militares diversas atribuições, inclusive a de definir o conteúdo de ensino das escolas militares. Foi um rebuliço entre os militares. A mídia caiu em cima e ninguém no Planalto sabe explicar o que se passou.  Minha vó já dizia: menina, não procure sarna para se coçar!  Conclusão: Vergonha. A Presidente vai assinar um decreto anulando o outro decreto. “É uma casa de mãe Joana, este governo”, diz Elizardo, meu companheiro de quarto no hospital.

BRASIL AGORA TEM UM “MURO DA VERGONHA”

Este é o apelido que ganhou o muro que separava o povo da Presidente, quase derrubado pelas pessoas na Esplanada, no dia 7 de setembro. Meu vizinho candango, que chegou aqui antes de Brasília ser construída, comentou conosco na padaria: “Nunca vi isso na minha vida. Nem na época dos militares”.

DURA NA QUEDA

Por ocasião do sete de setembro a tia Dilma quase que fez uma autocrítica, como se denominava antigamente nos meios políticos de esquerda. Mas não conseguiu. O máximo que alcançou foi sugerir que talvez tenham ocorridos erros. A minha vizinha costureira não hesitou em perguntar: “E quem esculhambou as finanças públicas, fui eu por acaso?

ROSANGELA LYRA

“Quem é a pessoa que orienta a presidente? Parece que aquele cachorro com o qual ela passeava sempre que estava com problema, morreu…” Disse a socialite na reunião que Temer teve com o “pessoal zangado com Dilma”, em São Paulo, na semana passada. Quando político vira objeto de chacota o seu tempo está perto do fim.

NÃO LARGA O OSSO

Parlamentares no Brasil não resistem a uma corrupção. A reforma política não derrubará o financiamento de empresas. Salvo se 50 destes parlamentares forem para a cadeia. E rápido. Em tempo: a Câmara dos Deputados restabeleceu o financiamento de empresas na quarta feira, 9. É prostituição pura: estas gostam de comprar políticos e estes adoram se vender.

TRISTEZA

Saí do hospital e fui ver o desfile na Esplanada. Uma tristeza. A tia estava só. Apenas com o seu staff, que não vale nada. E o palanque de frente, tudo gente comprada e escolhida a dedo. Temer era o único de fora, por obrigação de ofício. Fiquei triste, o pessoal deixar a tia desse jeito. Triste do governante que tem de se isolar de seus cidadãos. Mas, triste mesmo é com nosso país rumar sem rumo em um mundo agitado. Amanhã estaremos pior. Escrevi isso na segunda e na quarta perdemos o grau de bom pagador. Valha-me Deus, vou parar de fazer profecia.

E OS OUTROS DOIS?

No seu blog, Fernando Rodrigues divulgou na sexta feira passada que na quarta a noite, 2, Levy jantou com 8 representantes dos 10 maiores grupos nacionais. Telefonaram em pleno jantar para Dilma dizendo que não aceitavam a saída do Levy. E que era indispensável ter um orçamentário superavitário, não reduzir os investimentos e cortar programas pouco efetivos do governo. Dona Isabella, minha faxineira, escutou tudo e depois perguntou: “E os outros dois faltaram por que estavam presos na Lava Jato?”.

DILMA QUER VOLTAR A SER DILMA

Dilma, para nossa desgraça, estava tentando voltar a ser Dilma. Insuflada por Mercadante e a tropa tresloucada do Planalto. Tentou na semana passada reviver a sua “nova matriz econômica”, esta mesmo que nos levou aonde estamos. Temer já foi e Levy estava para ir. Entretanto, foi enquadrada pelo PIB nacional. Levy fica ou nós insuflamos o impeachment, disse o presidente do Bradesco. A tia voltou atrás contrariada. Meu vizinho confeiteiro não deixou de tirar suas conclusões. “Está se desfazendo a aliança do grande capital com o PT, que reinou na era Lula”. Será?

ESQUEÇAM

Um presidente nosso já disse para esquecer o que ele escreveu. Ele diz que não disse. A tia, como não escreve, pede para nós esquecermos o que ela disse. O Pronatec, que já foi um de suas bandeiras de campanha e que ia oferecer 18 milhões de vagas até 2018, agora baixou o número para 5 milhões. O contrário do que se imagina em período de crise. País em crise deve aumentar a qualificação dos trabalhadores, porque eles tem mais tempo, e porque é fundamental para aumentar a produtividade, caminho natural para sair da crise.

PARLAMENTAR

No Senado, o mais bobo pinta vaca na parede e tira litros de leite.

*Observador anônimo da política nacional