Editorial

Nesta virada de ano, os brasileiros deveriam ter-se dado as mãos para desejar ao Brasil um feliz 2018. Mais do que apenas formular um desejo, deveriam comprometer-se com um esforço conjunto para promover as mudanças que abririam caminho para a recuperação e o desenvolvimento do Brasil, até porque a felicidade de cada um dos brasileiros depende, em grande medida, das condições políticas, sociais e econômicas da nação. O desempenho do Brasil em 2018 depende das nossas escolhas políticas, dos nossos comportamentos e atitudes, da nossa disposição para analisar com isenção e apoiar as medidas que recuperem a economia e elevem os investimentos públicos na oferta de serviços públicos de qualidade. Infelizmente, não é isso que se percebe no comportamento e nas posições políticas dos brasileiros. Podemos até comemorar o início do ano com sinais positivos na economia. Aos trancos e barrancos, a inflação chegou a nível muito baixo, a taxa de juros está em declínio, a economia timidamente crescendo e o desemprego recuando. Mas vamos continuar enfrentando uma gravíssima crise fiscal, que imobiliza o Estado brasileiro para enfrentar os estrangulamentos e problemas e investir no desenvolvimento, na educação, na saúde e na segurança. Em relação a esta questão fundamental para a recuperação do Estado, não parece existir preocupação nem disposição dos brasileiros com as necessárias decisões que levem ao equilíbrio das contas públicas. Os segmentos privilegiados da sociedade brasileira, encastelados nas corporações, e o PT, partido dos servidores públicos, se mobilizam para refutar e impedir qualquer alteração nas regras que possa moderar a crise fiscal. No terreno político, os brasileiros estão radical e ferozmente divididos entre grupos fanáticos e fortemente apegados aos seus interesses e despreocupados com o futuro do Brasil. O governo, que iniciou com um plano ousado de reformas e vem implementando uma correta política macroeconômica, está desorientado e perdido em manobras fisiológicas. E o Judiciário, que concentra a casta mais privilegiada do serviço púlbico, vem atuando, de forma insistente, como um superpoder da República, legislando e definindo políticas, no que provoca uma grande insegurança jurídica que deve contaminar a economia ao longo do ano. Abuso de poder por excesso ou por desvio de função, como a anulação pelo ministro Ricardo Lewandowski de Medida Provisária do governo que trata de salários (incluindo os seus) e de contribuição à Previdência (incluindo as suas), e a recusa de magistrados e procuradores da Justiça do Trabalho de respeitarem a nova legislação criada pela reforma trabalhista. Desta maneira, é inócuo desejar feliz ano novo ao Brasil. A continuar assim, é muito difícil esperar que 2018 seja um ano de renovação e crescimento do Brasil e melhoria das condições de vida dos brasileiros.