Editorial

Esqueçam as bobagens da ministra Damares Alves. Estão virando piada. E, levadas ao ridículo, perderam força e estão esvaziadas. Ela não vai mudar os costumes e comportamentos dos brasileiros nem desmontar os direitos civis, consolidados e cristalizados na maioria da população, com seus delírios religiosos ou as afirmações ingênuas sobre vestimentas de meninos e meninas. Por isso, não vale a pena perder tempo com estas afirmações grotescas, exceto lamentar a mediocridade que se abate sobre o Brasil. Basta uma boa charge para transformá-las em riso. Num momento de tantas dificuldades econômicas e sociais, e de fanatismos políticos, é necessário focar no principal, evitando a dispersão nos detalhes pitorescos e insignificantes, que terminam desviando as atenções das questões relevantes e fundamentais. Devemos concentrar a observação e a análise crítica nas propostas e medidas que, de fato, podem impactar na realidade brasileira e decidir nosso futuro, tomando posição e nos mobilizando, seja para protestar e rejeitar os equívocos reacionários do governo, seja para apoiar as propostas de mudanças corretas e necessárias. Pelo menos em um aspecto, os brasileiros devem dar suporte às iniciativas do Governo Bolsonaro: as reformas econômicas e, mais particularmente, a reforma da Previdência, sem a qual o Estado brasileiro vai afundar, e tudo o que se deseja para o Brasil, como a geração de empregos e a melhoria dos serviços públicos, será frustrado. Quase tudo o mais anunciado até agora pelo governo é preocupante e merece atenção e critica dura e qualificada, para impedir as decisões que representem ameaças reais à democracia, à imagem internacional do Brasil e ao desenvolvimento, como a anacrônica política externa anunciada pelo “templário”” Ernesto Araújo, o afrouxamento na gestão ambiental e a revisão da demarcação de terras indígenas. A manifestação contrária a estas medidas não pode, contudo, impedir o reconhecimento e mesmo a defesa de propostas e iniciativas de grande significado para o futuro do Brasil.