A queda brusca do preço do petróleo no mercado internacional (redução de 45% nos últimos cinco meses) está provocando uma grande desorganização nas relações econômicas e no jogo de poder mundial. O impacto mais visível nestes dias é a crise cambial da Rússia com uma desvalorização do rublo em 20% nesta semana (queda de 50% ao longo do ano). Com o preço do petróleo em torno de US$ 60 o barril, os países exportadores sofrem uma drástica redução de divisas e de receita pública, principalmente em países como Venezuela e Rússia. Resultado: crise cambial e dificuldades fiscais. Embora contenha fatores especulativos, o forte declínio do preço do petróleo é o resultado do efeito combinado de dois movimentos independentes: produção de gás e petróleo de xisto betuminoso nos Estados Unidos, que torna o país exportador líquido, e diminuição do consumo nos grandes importadores, principalmente a China, devido à retração geral da economia global. A exploração em larga escala do xisto betuminoso reforça o poder norte-americano na geopolítica energética mundial, ao mesmo tempo em que fragiliza a OPEP. Para o Brasil, os novos preços do petróleo devem contribuir para as dificuldades da Petrobrás, devido à diminuição do custo das importações de 115 milhões de barris equivalentes (2013). No entanto, os baixos preços do petróleo tendem a comprometer a viabilidade da exploração das nossas reservas do pre-sal, cantadas em prosa e verso como a panaceia para todos os males do Brasil. A Petrobrás estima que até US$ 45 por barril ainda seria viável a exploração das reservas brasileiras em águas profundas. Por enquanto, temos folga, mas é bom observar com cuidado o movimento dos preços internacionais do petróleo (alguns especialistas estimam que o preço mundial do petróleo pode se estabilizar em torno de US$ 40 por barril). Neste caso, contudo, várias outras reservas mundiais estariam ameaçadas inclusive o xisto betuminoso dos Estados Unidos que está inundando o mercado mundial de gás e petróleo.