Há 20 anos, no dia primeiro de julho de 1994, o Plano Real estancou a hemorragia inflacionária no Brasil. Com um recurso técnico competente e criativo apoiado numa ousada condução política, o plano quebrou o sistema de indexação de preços que funcionava na economia como um mecanismo de defesa e, ao mesmo tempo, realimentação do ciclo inflacionário. A inflação anual de 1993 havia atingido 2.477%. As pessoas com rendas grandes e médias, tendo depósito em bancos, protegiam-se da corrosão inflacionária com a atualização diária baseado nos índices de preços. Os assalariados de baixa renda, contudo, sem poupança ou depósito bancário, não tinham como se defender e perdiam rapidamente o valor dos salários. Sem calote ou tabelamento artificial de preços, sem mágicas, o Plano Real combinou um ajuste fiscal e uma política monetária restritiva com a âncora cambial com o real vinculado ao dólar e levemente sobrevalorizado. Hoje o Plano Real é uma unanimidade. Porém nos primeiros anos, contaminado pelo jogo eleitoral, foi duramente atacado pelos candidatos de oposição a Itamar Franco e seu ministro da Fazenda e candidato à presidência, Fernando Henrique Cardoso. Nestes 20 anos, a inflação declinou, chegou ao nível mais baixo de 1,65% em 1998, e vem sendo mantida em níveis bastante satisfatórios, garantindo plena estabilidade do poder de compra da população e recuperando a capacidade de planejamento e investimento da economia. Desde 1999, quando foi introduzido o regime de metas e o controle monetário, a inflação está controlada. Mas a economia brasileira continua convivendo com o fantasma inflacionário: déficit fiscal crescente, introdução de mecanismos de indexação de preços em determinados itens, fomento ao consumo com baixo investimento, administração artificial de preços e tarifas de serviços públicos e relativa tolerância com as metas. Inflação, nunca mais! Este deve ser um dos lemas centrais dos brasileiros e de todos os políticos e candidatos à presidência da República.