O projeto “Novo Recife” que prevê a implantação de um complexo residencial, empresarial e hoteleiro no cais José Estelita, no Recife, tem gerado uma grande controvérsia entre urbanistas, liderados pelo Grupo Direitos Urbanos, e as empresas líderes do empreendimento. Mesmo com as alterações introduzidas no projeto depois de exigências da Prefeitura, o movimento urbanista continua rejeitando em bloco projeto argumentando que estará criando um “cinturão de torres, do Iate Clube aos fundos da Polícia Rodoviária Federal, na Avenida Antônio de Góes, uma cerca de alta renda apropriando-se da paisagem, desequilibrando-a sem qualquer sintonia e harmonia com as demais construções e usos que se poderiam fomentar na região, um autêntico arras tão dos ricos sobre os mais pobres, situação nada compatível com os princípios de transparência, participação popular, planejamento e desenvolvimento urbano previstos no Estatuto da Cidade, na Lei Orgânica e no Plano Diretor da Cidade do Recife”. Sem explicitar o que deve ser alterado ou, ao menos, um projeto alternativo, a oposição dos urbanistas simplesmente impede uma intervenção que promove uma reestruturação urbana de uma área degradada e sem uso pela sociedade num espaço nobre do território recifense. Na semana passada, o Jornal do Commércio publicou uma matéria que outro conflito de percepção e de interesses, desta vez opondo aos urbanistas os moradores da região de influência do Projeto – Bairro de São José, São Antônio e Rua Imperial – que defendem com entusiasmo o Projeto Novo Recife com a expectativa que o mesmo acabe com o abandono da área. Segundo dizem, o Cais José Estelita é espaço de bandidos, traficantes e viciado s em droga e o projeto vai criar grandes oportunidades de emprego, negócios e renda e melhorar o ambiente urbano. É provável que o projeto tenha defeitos e alguns impactos negativos. Mas a discussão deve se voltar para a busca e negociação de alternativas e deve partir do princípio que a proposta do capital privado deve ser negociada e não descartada, pura e simplesmente por ser do capital privado.

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