A Copa do Mundo acaba neste final de semana (para o Brasil já terminou de forma melancólica) e começa outro grande espetáculo: a campanha eleitoral. Este espetáculo, no entanto, longe de unificar a nação, como nos jogos da seleção brasileira, divide o Brasil numa disputa acirrada pelo voto dos brasileiros. A campanha dificilmente mostrará as diferenças de concepção e propostas de governo, na medida em que todos os candidatos são levados a dizer o que a maioria da população gostaria de escutar e os marqueteiros (com pesquisa na mão) se encarregam de empacotar, embelezar e florear. Assim, escondem as divergências de fundo e brigam no terreno publicitário, despertando as fantasias e ilusões da população. Esse é o espetáculo de imagens e mecanismos de sedução publicitária. E, no entanto, existe sim uma grande diferença entre os candidatos a presidente da República, diferença que pode ter repercussões muito importantes para o futuro do Brasil. As diferenças se manifestam na condução da política macroeconômica com o controle da inflação, no papel do Estado e sua relação com o setor privado, e na responsabilidade e capacidade de gestão pública. Mas a grande questão que se impõe na escolha do futuro presidente do Brasil remete ao diagnóstico da realidade brasileira: o presidente que vai assumir este país a partir de 2015, com todas as suas dificuldades e estrangulamentos, deve partir do entendimento que o problema do Brasil, tanto econômico quanto social, é um problema estrutural e decorre, principalmente, do baixo nível da educação e da qualificação profissional que comprometem a produtividade e a competitividade da economia, consolidam as desigualdades sociais e impedem o crescimento econômico. O candidato que ignorar este diagnóstico não vai implementar reformas estruturais e políticas transformadoras capazes de preparar o Brasil para o futuro.