A população da Rocinha e do Vidigal, no Rio de Janeiro, desceu o morro na terça feira desta semana, somando-se ás manifestações que tomaram a Avenida Rio Branco e que sacodem o Brasil há duas semanas. Aos protestos contra a corrupção e às bandeiras correntes pela educação, saúde e segurança, os manifestantes das duas grandes favelas do Rio acrescentaram cartazes com uma reinvindicação fundamental: Saneamento básico. Esta é a grande novidade política desta semana. Um dos líderes do movimento reclamava com veemência contra a construção de um teleférico dizendo: “Pra que? Pra turista conhecer o morro? Enquanto minha filha continua pisando nas valas podres de esgoto a céu aberto? Não! Não queremos teleférico, queremos saneamento”. Mas, como se costuma dizer, saneamento não dá voto, a obra é demorada, custa caro e o produto fica embaixo da terra. Quase 33% dos domicílios brasileiros não têm saneamento (esgoto ou fossa) e 11,4 milhões de brasileiros vivem em favelas com total carência de serviços públicos e numa degradante ambiência social. Isso é pobreza, Presidente. E o morro pede passagem.