Editorial

Com a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, o mundo entra num delicado e perigoso ciclo de incertezas e instabilidades, num momento particularmente grave da história contemporânea. A Casa Branca empobrece com a saída da inteligência e elegância política de Barak Obama e a entrada lamentável da mediocridade, insensatez e grosseria de Donald Trump. E o mundo treme. Pelo que prometeu na campanha e pelo que vem repetindo de disparates e absurdos nas redes sociais, o presidente da maior potência econômica e militar do planeta provocará uma combinação desastrosa de desorganização geopolítica e desequilíbrio econômico. Com um isolacionismo e protecionismo populista e completamente arcaico no estágio de globalização da economia mundial, Trump promete proteger a indústria obsoleta dos Estados Unidos, romper os grandes tratados comerciais, como a NAFTA e o Acordo do Pacífico, negociado por Obama. A economia mundial afunda e os Estados Unidos vão juntos, arrastando mesmo os grandes países emergentes. A aliança com a Rússia, em detrimento dos acordos econômicos e militares com a Europa Ocidental, e sinais de confronto diplomático e comercial com a China desestabilizam as relações internacionais com graves implicações negativas na Ucrânia e na Síria devastada. Com sua arrogância irresponsável, Trump promete ainda rever o acordo nuclear com o Irã e anuncia a transferência da embaixada americana de Telaviv para Jerusalém, numa clara provocação no instável paiol do Oriente Médio. Trump ameaça também uma das mais importantes e simbólicas iniciativas de Obama, os acordos diplomáticos com Cuba, que acabam com quase 50 anos do insensato isolamento da pequena ilha do Caribe. Insensatez é o nome do novo governo dos Estados Unidos.