A questão regional e as desigualdades econômicas e sociais entre as macrorregiões do Brasil não estão na agenda de nenhum dos candidatos a presidente. Quando algum deles se lembra do Nordeste como uma região com os piores indicadores econômicos e sociais do país, tende a sugerir as mesmas políticas compensatórias implementadas há décadas, que não resolvem o problema porque atuam apenas sobre os resultados e não sobre as causas das desigualdades regionais. Para tanto, seriam necessárias medidas estruturadoras de mudança dos seus determinantes. Ao longo de várias décadas, o PIB do Nordeste continua flutuando em torno dos mesmos 13% do produto brasileiro, e o PIB per capita nordestino é apenas 48% do PIB per capita nacional. As melhorias em alguns indicadores não reduzem as diferenças: o Nordeste continua tendo mais da metade da pobreza do Brasil, um nível de escolaridade de 6 anos contra 7,3 da média nacional, nota do IDEB bem abaixo da média nacional, saneamento adequado de 40% contra 61,8% da média brasileira e produtividade que alcança apenas 57% da média do Brasil. As medidas estratégicas para enfrentar os fundamentos das desigualdades regionais, não referidas no programa de nenhum dos candidatos, teriam que considerar o grande abismo na competitividade do Nordeste em relação às outras regiões que, por seu turno, decorre da baixa qualidade e nível do ensino, da deficiência da qualificação profissional, da limitada capacidade tecnológica, e da deficiente malha de infraestrutura de qualidade. Enquanto não houver uma estratégia para aproximar o Nordeste dos níveis médios do Brasil em educação, qualificação profissional, capacidade de inovação e infraestrutura de qualidade, a região vai continuar atrasada e pobre.