É costume se dizer que “os números não mentem”. Claro, os números não mentem porque não falam! As interpretações falam por eles. Cada conjunto de informações numéricas sobre uma realidade precisa ser interpretado e a interpretação é que permite compreender (ou confundir e esconder) o que os números querem dizer. O que dizem os últimos dados do PNUD sobre o IDH-Índice de Desenvolvimento Humano dos países? O Brasil registrou leve aumento do índice – de 0,728, em 2011, para 0,730, em 2012 – mas a sua posição no ranking mundial dos países não se alterou: de 187 países analisados, o Brasil continua sendo o 85º, bem abaixo do Chile (40º com IDH de 0,819), da Argentina (45º), do Uruguai (51º), do Peru (77º), e da Venezuela (71 º). O governo brasileiro contestou. Segundo o ministro Aloisio Mercadante, os números mentem, e, pelos seus cálculos, introduzindo os anos mais recentes da educação no Brasil, o IDH brasileiro deveria ser 0,754. Acontece que o IDH é um índice comparativo. Portanto, teria que utilizar dados de um mesmo ano base para todos os países para saber se os outros melhoraram tanto quanto o Brasil nos índices de saúde, educação e renda. Em vez de reclamar dos números, o governo brasileiro deveria reconhecer os dados, comemorar os avanços, lamentar a persistência da posição do Brasil (quase no meio da lista de nações) e, principalmente, intensificar as políticas para melhorar muito mais a qualidade de vida dos brasileiros, podendo assim disputar a liderança do IDH no continente latino-americano.

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