Maurício Costa Romão 

Três grandes Institutos realizaram pesquisas nacionais de intenção de votos para presidente da República agora neste mês de maio: Datafolha, Paraná Pesquisas e MDA/CNT.

Todos os três fizeram levantamentos anteriores neste ano de 2018 com o mesmo propósito, de sorte que alguns resultados evolutivos podem ser extraídos preliminarmente, malgrado as distintas metodologias empregadas:

1) o ex-presidente Lula continua liderando a corrida presidencial em intenção de votos em qualquer cenário, mesmo depois de sua prisão;

2) tais intenções de voto ao ex-presidente, entretanto, caíram numericamente de antes da prisão para depois, não se configurando assim o processo de vitimização que muitos esperavam;

3) há uma clara percepção da maioria populacional, inclusive entre os petistas, de que o ex-presidente não conseguirá levar sua candidatura até o pleito, o que sinaliza para uma progressiva diminuição de suas intenções de votos nas pesquisas vindouras, bem como para aumento de pressão por mudança da estratégia levada a cabo pelo seu partido;

4) quando o nome de Lula não aparece entre os pré-candidatos, as intenções de voto que lhe são atribuídas se dispersam entre os demais concorrentes, com Marina Silva e Ciro Gomes sendo os destinatários que mais se beneficiam, proporcionalmente;

5) ainda nos cenários em que Lula não está presente, Jair Bolsonaro lidera em todos eles, sempre seguido por Marina e, logo depois, por um bloco intermediário, onde Ciro Gomes se destaca;

6) a liderança de Bolsonaro, contudo, não avança em intenção de votos, sugerindo que sua postulação tenha atingido um teto;

7) Geraldo Alckmin não consegue decolar, nem com Lula, nem sem Lula. Suas intenções de voto são sofríveis, abaixo de dois dígitos, frustrando o campo de centro-direita e grande parte do mercado;

8) os eventuais pré-candidatos do plano B petista (Haddad, Wagner) decepcionam em intenções de voto e pouco se beneficiam da pulverizada transferência de votos do ex-presidente, o que força o PT a manter a atual estratégia lulodependente;

9) Os pré-candidatos mais à esquerda, Boulos e Manuela, bem como as postulações ditas de novidade, quase não pontuam em intenções de voto, ficando circunscritos ao conjunto de “outros”;

10) os eventuais pré-candidatos do governo (Temer, Meirelles) têm pontuações insignificantes, mostrando que representantes deste campo carregarão pesadamente o fardo do desgaste do governamental.

O quadro político ainda está muito confuso e indefinido, a quatro meses do pleito. O eleitor encontra-se desiludido com a política e com os políticos e não vislumbra ainda uma candidatura que lhe ofereça fundadas esperanças, sentimento que pode vir a reverter-se mais à frente, no curso da campanha propriamente dita.

Pode-se deduzir ainda que o eleitor encontra-se numa encruzilhada: demonstra querer mudança, algo novo, mas ao mesmo tempo receia que a situação do país piore com alguém inexperiente. Rejeita o tradicional, mas sinaliza preferir alguém com tarimba para lidar com a caótica situação brasileira.

Imerso em tantas dúvidas, o eleitor vai postergando sua definição de voto mais para a frente, aguardando o ambiente clarear. Neste contexto, os resultados das atuais pesquisas ainda são bem prematuros, ensejando por enquanto apenas uma certeza: a de que a eleição será plena de extremas emoções!

 

Maurício Costa Romão

PhD. em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.