Com a petulância que costuma esconder a incompetência, o ministro Guido Mantega ironiza as advertências sobre as atuais dificuldades econômicas do Brasil minimizando os problemas e os riscos. “Que crise?”, perguntou ele completando a afirmação da Presidente Dilma Roussef de que “está tudo sob controle”. Será? É verdade que, diante da gravidade da crise mundial, as dificuldades da economia brasileira ainda não são dramáticas. Mas são preocupantes – a inflação resiste, a balança comercial balança, o déficit público afunda, e os investimentos atrasam – e não podem ser minimizadas com a ironia circense do ministro. É verdade também que os brasileiros estão felizes com pão e circo que o governo vem distribuindo com uma generosidade incompatível com os déficits públicos (estímulo consumista e Copa do Mundo) mesmo com o arrocho no consumo provocado pela alta dos preços. No entanto, o mais grave da situação atual é a ausência total de diretrizes do governo Dilma Roussef, alternando as medidas e decisões a cada movimento dos indicadores econômicos, respondendo de forma emergencial e pontual e fragmentada. O Brasil vive sim uma crise de gestão governamental, de diretrizes e de estratégia. E como disse o senador Cristovam Buarque, a maior evidência da crise se manifesta na postura do ministro ao ignorar a crise.

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