Editorial

Enquanto eram s?rios e africanos que afundavam no Mediterr?neo e eram impedidos de entrar em alguns pa?ses europeus, a migra??o em massa era um problema distante, que n?o nos afetava. Agora, o desmantelo de quase duas d?cadas da aventura populista e autorit?ria na Venezuela est? provocando uma avalanche migrat?ria para os pa?ses vizinhos da Am?rica do Sul, entre eles o Brasil. Formado por imigrantes de todas as terras e culturas, o Brasil tem sido tolerante e respeitoso com aqueles que procuram nosso territ?rio para escapar das dificuldades dos seus pa?ses, o que representa, em ??ltima inst?ncia, um gesto humanit?rio diante da degradante situa??o dos imigrantes em massa. A postura do Brasil n?o pode ser diferente, quando milhares de venezuelanos fogem do caos social e econ?mico da dinastia bolivariana, da ?degrada??o brutal e dolorosa da vida dos venezuelanos?, na defini??o do soci?logo venezuelano, Ign?cio ?valos. Somente este ano, cerca de dez mil venezuelanos atravessaram a fronteira para buscar ref?gio no Brasil mesmo sabendo do alto n?vel de desemprego no nosso pa?s. Lamentavelmente, esta imigra??o em massa dos nossos irm?os sul-americanos est? provocando graves manifesta??es de xenofobia e atos de viol?ncia em Roraima. Pobres e desamparados, os venezuelanos se concentram nesse pequeno Estado, provocando uma grande tens?o e disputa pelos prec?rios e limitados servi?os p?blicos. O Brasil n?o pode tolerar a xenofobia, principalmente quando alimentada por pol?ticos em campanha eleitoral. Mas cabe ao governo federal, em colabora??o com o Alto Comissariado das Na??es Unidas para os Refugiados, preparar as condi??es para recep??o dos venezuelanos, com respeito e dignidade, e sem comprometer as limitadas estruturas das pequenas cidades de fronteira. E em nenhum caso, fechar as fronteiras do Brasil ao movimento migrat?rio, ou mesmo definir cotas para os imigrantes.