Editorial

Como se não bastasse a impertinência do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva com a sua petição ao Comité de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, insinuando que está sendo perseguido no Brasil por um sistema inquisitório (ver Editorial da Revista Será de 5 de agosto), o PT-Partido dos Trabalhadores parece ter perdido completamente o senso do ridículo e o sentido da História. Nesta semana, no mesmo dia em que o Senado aprovou por esmagadora maioria (mais de 2/3 dos parlamentares) o relatório que recomenda o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, parlamentares do PT entraram com uma representação junto à OEA-Organização dos Estados Americanos pedindo providências para a “reinstalação da vítima no seu cargo” e para “a suspensão da totalidade do processo” de impeachment. O texto da petição não se inibe ao distorcer regras constitucionais, quando diz que a suspensão do cargo da presidente acusada constitui uma “clara restrição de direitos políticos da vítima”. Os argumentos de sempre. Reforçados agora com a ideia da omissão do Judiciário – “o STF se nega a exercer o controle, se recusa a coibir a ilegalidade e o golpe” (palavras de um dos signatários) – servem apenas para realimentar a requentada e fraudulenta narrativa de golpe e divulgar no exterior uma imagem falsa de um país sem instituições democráticas. Os reclamantes acusam o STF-Supremo Tribunal Federal de tendencioso e omisso porque não interveio no processo, “limitando-se a apenas definir o rito que deveria ser seguido pelo Congresso Nacional para julgar o afastamento de Dilma”. O que queriam mais do que isso? Não é exatamente o que determina a Constituição brasileira?  É lamentável que o Partido dos Trabalhadores e seus líderes continuem ignorando os fatos e as regras, recusando reconhecer o fracasso do seu governo e o enorme desgaste político e moral do partido que já foi a esperança dos brasileiros.