A greve dos caminhoneiros desta semana mostrou como a economia brasileira depende da eficiência, da qualidade e do custo do transporte de carga que forma uma enorme e complexa malha de 1,3 milhões de caminhões. Cerca de 85% do sistema de transporte de carga é composto de caminhoneiros autônomos. O transporte de carga é o sistema circulatório da economia brasileira, articulando todas as cadeias produtivas com suprimento de matérias primas e o abastecimento do mercado para consumo da população. Um estrangulamento deste sistema provoca colapso econômico com enorme desperdício de mercadoria e elevação dos preços dos produtos, como parcialmente ocorreu em várias partes do Brasil. Contudo, salvo pelas deficiências e estrangulamentos das nossas rodovias, a crise do setor de transportes não é diferente das dificuldades dos demais setores da economia e de toda a população brasileira, decorrente da combinação de estagnação e inflação. O desempenho (receita e despesa) dos caminhoneiros e empresas transportadoras flutua em torno de dois fatores opostos: o preço do frete que paga pelos seus serviços, e o custo do diesel que move os seus veículos. A queda do preço do frete, principal reclamação dos caminhoneiros, não é valor administrado por governos, mas resulta da estagnação econômica com redução da produção e do transporte de carga. O aumento da tarifa do diesel, por sua vez, embora necessário depois de anos de contenção artificial, veio através do aumento dos impostos (principalmente da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), que poderia ser evitado, pelo menos no combustível que move a economia nacional. Além disso, parte dos caminhoneiros está endividada com a compra a crédito que tem sido fortemente estimulada e facilitada pelo governo e que provocou, como consequência, um excesso de oferta de serviços de transporte de carga, enquanto a demanda caia pela recessão econômica. Sem solução sustentável no curto prazo, a crise do setor só vai terminar quando a economia voltar a crescer e os investimentos em infraestrutura ampliarem e melhorarem a malha de rodovias do Brasil.
Postagens recentes
-
A turbulência de céu clarodez 20, 2024
-
Balanço positivo de fim de anodez 20, 2024
-
Venezuela: suspense numa autocracia caóticadez 20, 2024
-
Chuquicamata, Patagônia, Índios Alacalufesdez 20, 2024
-
Com a Palavra, os Leitoresdez 20, 2024
-
Ceia Natalina, Proust e Polarizaçãodez 20, 2024
-
Última Páginadez 20, 2024
-
O acordo que pode transformar o Brasildez 13, 2024
-
Um islamismo com temperança e liberdade?dez 13, 2024
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
comentários recentes
- helga hoffmann dezembro 17, 2024
- sergio c. buarque dezembro 17, 2024
- sergio longman dezembro 15, 2024
- helga hoffmann dezembro 13, 2024
- Marcos Conforti dezembro 12, 2024
Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
a falta de caráter e( patriotismo) acima de tudo não permitiram que essa gentalha, tomassem providencias em suas administrações.
Infelizmente, temos que arcar com mais esse ônus. Temos uma rede fluvial que, por culpa dos governantes, não funciona e uma malha ferroviária que ajudaria em muito.