É o mesmo país. Tem 15,2 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza, com uma renda mensal de insignificantes R$ 140,00 (US$ 1,90/dia, segundo dados do Banco Mundial para 2017), uma corrupção sistêmica que desvia bilhões de recursos dos cofres públicos, e fortes corporações arrancando benefícios de um Estado falido. Quase na mesma semana em que o Banco Mundial divulgou o aumento da pobreza e das desigualdades de renda no Brasil, o Presidente da Repíblica sancionou um indecente aumento de salários para os ministros do STF-Supremo Tribunal Federal, gerando uma despesa adicional de R$ 6 bilhões para os cofres públicos. E o ex-ministro Antonio Palocci, condenado por uma corrupção bilionária, deve devolver aos cofres públicos US$ 20 milhões de dólares do que roubou, se quiser continuar em prisão domiciliar. “A corrupção mata”, segundo o ministro do STF Luis Roberto Barroso, no seu duro voto contra o decreto presidencial de indulto, que pode libertar criminosos de colarinho branco. Decisões irresponsáveis do Congresso Nacional que elevam as despesas públicas dos próximos anos, como o aumento de salários do Judiciário e dos servidores do Legislativo, também matam, porque reduzem as já limitadas disponibilidades de recursos públicos para educação, saúde, segurança e mobilidade urbana. E mais: travam o tímido movimento de retomada do crescimento da economia, fator decisivo para a geração de empregos e para a redução da pobreza. Não apenas a corrupção, mas também o corporativismo e a irresponsabilidade fiscal do Congresso, matam. A pobreza no Brasil vem crescendo nos últimos anos, como um resultado direto da forte recessão econômica: de 2014 a 2017, o índice de pobreza cresceu 7,3 pontos percentuais, enquanto o PIB-Produto Interno Bruto caiu quase 7%, apesar da leve recuperação no último ano (crescimento de 1,1%). O aumento da pobreza neste último ano surpreendeu alguns especialistas, porque o desempenho econômico parecia indicar a interrupção do ciclo recessivo, o que deve ser confirmado neste ano de 2018. O certo é que não dá para esperar um declínio desta vergonhosa miséria no Brasil, se a economia não voltar a crescer em ritmos razoáveis, o que depende, antes de tudo, da recuperação das finanças públicas. Inclusive, pelo fim do câncer da corrupção.
Postagens recentes
-
Será que agora vai?nov 22, 2024
-
Jornada de trabalho e produtividadenov 22, 2024
-
Onde está o nexo do Nexus?nov 22, 2024
-
Janja xingou e levou um sabão da mídianov 22, 2024
-
Brasil, o Passadonov 22, 2024
-
Camões, 500 Anosnov 22, 2024
-
Última Páginanov 22, 2024
-
O ódio político no Brasilnov 15, 2024
-
Quem mentiu: Trump, Putin ou The Washington Post?nov 15, 2024
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
comentários recentes
- sergio longman novembro 24, 2024
- JOSÉ RODRIGUES DE PAIVA novembro 23, 2024
- helga hoffmann novembro 22, 2024
- José clasudio oliveira novembro 20, 2024
- helga hoffmann novembro 19, 2024
Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
Está certa a revista “Será?”. E o primeiro passo para a recuperação das finanças públicas será reformar o regime da Previdência. A Previdência não só tem um déficit que aumenta de modo insustentável, como é injusta, contribui para piorar a desigualdade de renda no Brasil