“Quando os elefantes lutam, quem sofre é a relva”. Este ditado africano se aplica muito bem à história das últimas cinco décadas de Cuba, palco da disputa entre as duas grandes potências da época, Estados Unidos e União Soviética. Resquícios da guerra fria continuaram contaminando as relações dos Estados Unidos com Cuba, mesmo após 1989, com a queda do muro de Berlim, que simbolizou o fim da guerra fria. Interesses econômicos e anacronismo político não permitiam que os ventos de Berlim levassem ao “fim de uma política obsoleta”, na expressão do presidente Barak Obama. O reatamento das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba, oficializado com a abertura das embaixadas no país um do outro, começa a derrubar este muro de intolerância e anacronismo político e econômico. O gesto diplomático dos dois países simboliza o último suspiro da guerra fria que persistia teimosamente no mar do Caribe. Um pequeno gesto diplomático, e o presidente Barak Obama termina seu mandato deixando um grande e positivo sinal de mudança na política externa dos Estados Unidos e abrindo caminho para uma distensão que deve terminar com o fim do embargo econômico. Mesmo tendo que enfrentar a oposição interna de uma parte significativa da poderosa comunidade de exilados cubanos em Miami e não contando com o apoio de um Congresso dominado pelos republicanos, o importante é que o primeiro passo foi dado, o que deve reforçar o ciclo de mudanças econômicas e políticas em Cuba e intensificar as relações econômicas entre os dois países.