Elimar Pinheiro do Nascimento

Julgo que o momento não permite o silêncio, nem a omissão, posição que adotam o PPS, a Rede e tantos outros. Em face do risco do fascismo, a omissão é imperdoável. Por isso, estou divulgando o meu voto. Entendo e aceito que, entre a meia dúzia de meus leitores, não tenhamos a plena concordância.

Voto no Haddad, sobretudo, por rejeição ao seu opositor, o candidato antidemocrático e intolerante. Haddad não é o meu candidato ideal, menos pela sua pessoa e sua competência, reconhecida internacionalmente à frente da Prefeitura de São Paulo e do Ministério da Educação, do que pelo seu partido, que traiu os ideais pelos quais lutei toda minha vida, fui perseguido e meus familiares, presos.

O PT tem uma história de erros e prepotência pouco encontrada na História brasileira. Errou quando expulsou três de seus parlamentares, porque votaram em Tancredo Neves para presidente do Brasil. Errou quando se recusou a assinar a Constituição, esta mesma que hoje chama de Constituição Cidadã. Errou quando se recusou a participar do governo de transição (de entendimento nacional) de Itamar Franco, relegando sua militante exemplar, Luiza Erundina. Errou quando se opôs ao Plano Real, que introduziu a estabilidade monetária no país, e quando votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Errou quando, de forma insistente, deu entrada a sucessivos pedidos de impeachment de Fernando Henrique Cardoso. Errou quando colocou no poder uma pessoa incompetente e autoritária. Errou quando inventou de praticar a corrupção dos partidos políticos tradicionais, primeiro no mensalão, e depois no petrolão. Errou quando sustentou as oligarquias rurais, que sobreviveram até hoje graças ao seu apoio. Errou quando se furtou a realizar qualquer reforma mais consistente, começando pela política. Errou porque fez dos pobres apenas consumidores, e não, ao mesmo tempo, cidadãos.  Errou quando defendeu a ditadura de Maduro e de Ortega, por sua presidente atual. E mais ainda, errou quando jamais fez sua autocrítica, em face dos erros colossais que cometeu. O culpado é sempre o sistema, e não as pessoas que dirigem seu partido.

Voto em Haddad porque prefiro ser oposição livre do que na cadeia. Não concordo com a estúpida “nova matriz econômica” adotada por Dilma, que nos levou à crise em que nos encontramos. Temer, escolhido pelo PT, não é o responsável por tudo. Quando assumiu, o país estava com crescimento negativo e mais de 12 milhões de desempregados, inflação e taxa de juros elevadas. Ele apenas foi incompetente e corrupto, como sabíamos todos. O PT é o responsável, em primeiro lugar, pela crise. Temer foi de sua livre escolha.

Voto no Haddad, esperançoso que possa iniciar um movimento de autocrítica e renovação da esquerda, que o PT, em sua prepotência, nunca fez; que abandone a ideia de controlar a imprensa e manter uma política econômica populista; que estimule políticas novas de combate à pobreza e à desigualdade; que mantenha o combate à corrupção e adote as reformas de que o Brasil precisa, iniciando pela reforma política, e continuando na reforma da previdência e na tributária.

Estamos onde estamos porque o PT julga que é o único dono da verdade, e tem que ser sempre o primeiro.  Se se tivesse articulado com Ciro na cabeça e Haddad na vice, não estaríamos onde estamos: perto da derrota e do império da intolerância.

Contudo, na encruzilhada em que nos encontramos, voto no Haddad, e farei todos os meus esforços para que seja eleito. Esperançoso, sempre, de que não siga o passado de erros e prepotência do PT.

Haddad hoje é a esperança que nos restou, para fazer face ao conservadorismo autoritário e intolerante, que se tem erguido de forma sinistra em nosso país, ameaçando a democracia. Haddad é mais do que o PT, é hoje o líder da resistência democrática, “malgré son histoire”.