Um garoto de 10 anos chamado Klevison, morador do Jordão, morreu terça-feira última depois de ter sido atingido dentro da casa onde morava pelo que a imprensa e as autoridades chamam de “bala perdida”, resultante de um tiroteio entre policiais e bandidos tendo a casa dos seus pais como escudo. É tempo de parar com o eufemismo, puro lero-lero irresponsável e, como se vê, assassino. Bala perdida é a que se perde no mato, não a que encontra a cabeça de uma criança. Mas não passa uma semana sem que a imprensa brasileira noticie fatos desse tipo. Os nossos policiais ou são mal formados, ou acostumaram-se com a tolerância dos seus superiores a tais atitudes. A polícia só pode fazer uso de meios letais em legítima defesa, sua ou de terceiros, ou no estrito cumprimento do dever legal – o que não inclui atirar num motorista que não parou num simples controle de veículos, ou disparar contra um ladrão em fuga com o risco de atingir inocentes. E no entanto, tudo isso é corriqueiro entre nós. É mais do que tempo de encararmos isso como o que isso é: juridicamente, uma infração penal; moralmente, uma aberração.

 Conselho Editorial