O País acordou estupefato na quinta feira. O plenário da Câmara dos Deputados absolveu, no dia anterior, o deputado Natan Donadon de processo de cassação, mantendo-o, portanto, como deputado, embora na cadeia. Sim, na cadeia, pois, o Supremo Tribunal Federal, a suprema corte do País, havia, no desdobramento do “tsunami de junho”, em 26 de junho, condenado o referido deputado a 13 anos, 4 meses e dez dias por peculato (desvio de dinheiro, vulgo roubo) e formação de quadrilha. O nobre deputado segundo o STJ desviou nada menos que R$ 8,4 milhões de reais. Foi o primeiro deputado condenado e preso desde a Constituição de 1988. Assim, Natan Donadon, preso na Papuda, nome da penitenciária do Distrito Federal, saiu da cadeia para votar em seu processo de cassação no plenário da Câmara dos Deputados. E votou, contra o regimento da Casa que diz explicitamente ser proibido ao réu de votar em semelhantes processos. Votaram pela absolvição do deputado presidiário 131 deputados, 41 abstenções mais 50 que assinaram presença mas não votaram, e mais 58 que simplesmente não compareceram. Apenas 233 votaram por sua cassação, e são necessários 257 para a cassação. Com o resultado, o deputado de Rondônia tornou-se Sua Excelência, o Presidiário, conforme manchete do Correio Braziliense.
A Câmara dos Deputados jogou a lei e a honra (se ainda a têm) na lata do lixo. E lançou a lei ao lixo por duas vezes, pois no dia seguinte, em meio ao comentário geral da população, se Sua Excelência, o presidiário iria de carro particular ou oficial para as votações na Câmara de Deputados, o Presidente Henrique Alves (PMDB), o licenciou, sem qualquer fundamento legal. E, no entanto, a Câmara dos Deputados, poderia ter evitado este vexame, mais um, se tivesse acatado o parecer da Comissão Constituição, Justiça e Cidadania, de que a decisão da cassação ficasse sob a responsabilidade da mesa diretora e seu presidente. Esses deputados e, sobretudo, o Presidente da Câmara sabem perfeitamente que em voto secreto a maioria dos deputados vota pela absolvição da cassação de seus pares. Em 2011 já acontecera com a deputado pelo Distrito Federal, Jacqueline Roriz, filmada recebendo propina.
Mas, por que deputados, pessoas em geral experientes, tomam uma atitude vergonhosa desta envergadura, que sabem de antemão será condenada por todo o País? Em primeiro lugar, porque um grande percentual dos deputados tem processo na justiça por corrupção, apropriação indébita do dinheiro público, e pretendem ser protegidos caso condenado. Sim, os bandidos também têm espírito corporativo. Segundo, porque o voto secreto permite-lhes ficar na sombra, e contando com a ignorância da população, voltar à Câmara. Em terceiro, porque a população se informa pouco e pune pouco os malfeitores, assim eles podem roubar e ser reeleitos. Mas, em último, porque existe um interesse prático e imediato em jogo. Os dois partidos, principalmente responsáveis pelo desatino têm nome: PT (este mesmo, que já foi o paladino da moralidade pública) e PMDB. E, junto com a bancada evangélica, têm representantes condenados pelo STF no processo do “mensalão”. Seus processos de cassação serão abertos logo, logo, e contam com os mesmos procedimentos para serem absolvidos.
A absolvição dos “mensaleiros” tem não apenas a intenção de absolver os culpados, mas também de questionar a lisura da STF. Posição institucionalmente perigosa. Só há uma saída para eliminar o espírito de bandidagem que tomou conta da política brasileira: um repúdio rotundo a estes “senhores” nas próximas eleições. Gravar os nomes dos ausentes, dos faltosos, e garimpar os nomes daqueles que votaram pela absolvição do malfeitor. Jogá-los aonde eles jogaram a honra e a lei, o lugar que eles merecem: a lata do lixo. Mas também, e sobretudo, voltar às ruas para que não exista mais voto secreto e para reformar o sistema eleitoral, de tal forma que não seja necessário uma fortuna para participar de campanhas eleitorais, permitindo que homens de bem sejam candidatos. É preciso punir os culpados e mudar as condições nas quais prolifera a corrupção. Os homens e as coisas que lhes produzem.
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Grande Elimar, há tempo não tinha oportunidade de ler seus artigos sempre oportunos! Abraço, Zé Nivaldo
Dezenas de manifestações pelo país afora. A ficha caiu de que o quadro brasileiro social, ético e tabém econômico não vai bem. só não caiu para um Congresso vazio. O quadro do Elimar é uma boa denúncia e análise.
O sociólogo Elimar Nascimento, novamente, oferta artigo lúcido e essencial para os leitores e seguidores da “Revista Será?”. O tom posicionado do articulista é similar à indignação dos cidadãos brasileiros esclarecidos e que acompanham a inescrupulosa ação política de inúmeros parlamentares venais, que não passam de bandidos desta Nação. O Brasil há muito perde tempo passivo e paciência com a canalhice política instalada no país como um todo. O protesto permanente é legítimo e necessário. Nova ordem política, com valores éticos, morais e justos devem ser elevados. Entretanto, afinar-se com a lapidação democrática e contar com as próximas eleições para nova garimpagem dos nomes políticos desses bandidos conhecidos e sempre em evidência, parece-me desperdício de tempo precioso. O que nos impede, ainda, a fermentar a convulsão social de fato? O que tememos perder? É no que penso.
Qundo Elimar em seu artigo, faz a observação de que “um grande percentual dos deputados tem processo na justiça por corrupção, apropriação indébita do dinheiro público, e pretendem ser protegidos caso condenado.” evidencia a quebra de um princípio geral de Direito. Não tenho autoridade para tanto, mas ouso apanhar a deixa do articulista e afirmar que a votação da Câmara de Deputados é NULA. Ninguém pode ser juiz de si próprio, em face da obviedade ululante do conflito de interesses repudiado por todas normas jurídicas do mundo! E esse impedimento prevalece não só para o primeiro ladrão (Donadon) como para os demais comprometidos que, ao aguardar o trânsito em julgado das suas condenações, trataram de antecipar as suas proteções fraudadas, através desses votos impedidos. Basta levantar os casos existentes que caracterizam a nulidade absoluta da votação questionada.
E agora Manuel? ele que chorou porque tinham cortado o seu ordenado de deputado e a família estava passando necessidade (sic). Será que vão lhe restituir os atrasados?
G.
Elimar, concordo com o seu sentimento de indignação e com a crítica racional do que se tornou o nosso Congresso. Que dignidade é essa de um parlamentar que assina a lista de presença e se ausenta, lavando as mãos sobre o resultado da votação? Não, declarando na surdina o seu voto de absolvição de um “pecado venial” ao qual já estão familiarizados. E os condenados pelo STJ, Genoíno e João Paulo não continuam em plena atividade?
Só não sou tão otimista quanto você, quando espera que a população dê o troco nas próximas eleições. A nossa cultura política continua, cada vez mais, clientelista! O maior mal que o PT e seus aliados poderiam fazer ao país foi o de despolitizar a política, mais do que ela sempre foi neste gigante adormecido! A dose de “dormonid” dos grandes programas foi muito forte e, mesmo que alguns gritos ecoem, vai dar tudo no mesmo mar de lama…. e, possivelmente, continuaremos vivenciando o mesmo pesadelo!
Acontece que a Papuda virou anexo do Congresso: não é interessante???
Como se diz “o povo tem o governo que merece” . Infelizmente acho que merecemos ouvir este tipo de notícias, afinal fomos nós que os colocamos lá para nos representar. Acho que temos que pensar com mais responsabilidade em quem votar,principalmente aqueles que tiveram acesso a educação e que tem obrigação em fazer a diferença.
O BRASIL NA VELHA RIMA
Marcelo Mário de Melo
Pedro Álvares Cabral.
Colônia de Portugal.
Império nacional
pessoal
regencial.
República de marechal.
Ditadura e general.
Ato adicional.
Ato institucional.
Abertura gradual.
Anistia parcial.
Eleição colegial.
Constituinte congressual.
Presidência imperial.
Corrupção visceral.
Al al al
Al al al
Al al al.
É pau.
É pau.
É pau.
Liberal.
Liberal.
Liberal.
É só mudar a rima.
PELA MILITÃNCIA QUADRILATERAL:
Contra a fome,
o raquitismo político,
a subnutrição cultural e a
corrupção visceral.
Análise muito oportuna, prof. Precisamos utilizar de forma crescente os diversos meios de comunicação para que os brasileiros sejam melhor informados e acessem conteúdo de qualidade! Sua indignação é digna de socialização. Concordo e também vislumbro no horizonte uma sociedade ainda mais esclarecida e que vote conscientemente!
o povo que ja acordou so esta esperando o S.T.F COLOCAR OS OUTROS DONADONS TAMBEM NA PAPUDA E SE ESSES CARAS DE PAU DO CONGRESSO NAO TOMAR AS DEVIDAS PROVIDENCIAS O POVAO TOMARA AS PROVIDENCIAS NECESSARIAS PARA MUDAR ESSE CONGRESSO SEM PUDOR.
Os presidiários da PAPUDA estão felizes, pois agora tem como parceiro
um DEPUTADO, não é todo presidiário que tem esse direito, só não sei até quando vão conseguir ficar com ele alojado na cela.
ESTE CASO LEMBRA A MUSICA DO LUIZ GOZAGA .
” TA E DANADON DE BOM , TA E DANATON DE BOM , MEU COMPADRE”.
OS BRASILEIROS NAO TEM POR QUE SE ADMIRAR E OU CRITICAR.
O DEPUTADO FEDERAL PAULO MALUF , E O MAIOR LADRAO DE VERBAS PUBLICAS DO BRASIL.
NAO PODE SER PRESO PELA INTRERPOL ,PORQUE TEM IMUNIDADE PARLAMENTAR, OU SEJA, O TEM E IMPUNIDADE .
E VERGONHOSO , E NOJENTO PARA NOS , BRASILEIROS , UM LADRAO CONHECIDO INTERNACIONALMENTE.
E O GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS E DA SUICA QUER PRENDE-LO.
MAS NO BRASIL , O PAUL;O MALUF E MITO QUERIDO POR MUITOS ” ELEITORES” .
E SE FOR CANDIDAT A PRESIDENCIA DO BRASIL , COM CERTEZA SERA ELEITO.
ISTO E BRASIL , UM ” PAIS ” DE TOLOS, E DE ” ELEITORES” DESINFORMADOS EM POLITICA E POLITICOS , E MASOQUISTAS.
MUDAR ? NUNCA.
ESTA NO SANGUE E TRADICAO DE PAI PRA FILHOS.
BRASIL , AME-O OU DEIXE-O .
EU E MEUS FAMILIARES PREFERIMOS DEIXA-LO.
BRASIL ? NUNCA MAIS.
SALVO SE DEUS DETERMINAR.
BYE, BYE BRASIL.
HUG.
PARABENS REVISTA SERA ?
GOSTO MUIIIIITO DESTA INTELIGENTE, IMPORTANTE E UTIL REVISTA .
DEUS LHES DE SAUDE , SUCESSOS E BOA SORTE, SEMPRE. AMEM.
ABRACO SINCERO..
ITO CAVALCANTI
CALIFORNIA, U.S.A.
[email protected]
É preciso separar o caso do deputado Donadon dos demais do mensalão, ou mentirão?! Agora é a hora de muitos ex-petistas que não ganharam a grana que queriam ou o poder que que achavam merecer largarem o pau. Perigoso é este STF de condenar sem provas na peça teatral do ano. Bom, é claro que podemos criticar o petismo …
Perdoe-me, não sei de onde e nem de quem vem, mas o que me surpreende é alguém ainda se surpreender com “coisinhas” dessa natureza dos políticos brasileiros.
Imagine-se nas “câmaras de vereadores” desse Brasilzão”.
Cordialmente de Valdir Colzani (OAB/SC 3.426).