O presidente Nicolas Maduro da Venezuela foi eleito em um pleito limpo e democrático, apesar das ressalvas sobre o ambiente de liberdade de organização, expressão e manifestação, imprensa livre e equidade de participação das diferentes correntes políticas do país. O apoio de um certo passarinho bolivariano na sua campanha não está prevista na legislação eleitoral mas não constitui uma irregularidade. O fato é que o presidente Maduro tem legitimidade política, conta com maioria confortável no parlamento e, mesmo sem o carisma de Hugo Chavez, tem indiscutível apoio popular. Exatamente por isso parece muito estranho que o governo precise de mais poder e mais autoridade com esta chamada “Lei Habilitante”, que autoriza o Presidente a governar por decreto. Com o voto contrário fechado da oposição, o parlamento renunciou às prerrogativas e regras democráticas de legislar. Outra faceta da democracia bolivariana? Por que precisava deste sobrepoder? Elementar: O governo perdeu o controle da economia, que combina neste ano inflação acumulada de 54,3% (o item alimentos teve um aumento de 72,1%, corroendo o poder de compra da população), desabastecimento, escassez de dólar, e mercado negro, para não falar da corrupção. Fiel à orientação chavista, o governo tenta conter a inflação na marra, com tabelamento de preços e repressão aos comerciantes. Um outro passarinho precisa cantar no seu ouvido alertando que este caminho leva ao fracasso  e a uma grande desorganização econômica e social. Amplia o mercado negro, os preços explodem mais ainda e a qualidade de vida vai para o esgoto. Mas, como não podem (sua arrogância não permite) assumir os erros de uma política macroeconômica desastrosa, voluntarista e populista, entram numa guerra econômica contra os conspiradores e imperialistas, como gostam de falar os boliv arianos.

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