Grande parte dos intelectuais que votam em Dilma Rousseff para presidente da República reconhece os graves problemas do PT no governo – corrupção, aparelhamento do Estado, ineficiência – mas justificam sua posição, meio envergonhada, com um esquerdismo emocional. Pelo visto, o “PT inventou o Brasil” em 2003, mas a corrupção teria sido uma criação das atuais forças de oposição, cabendo aos governos petistas apenas ampliar e intensificar, única coisa que aproveitaram dos governos anteriores, corrupção “como nunca antes neste país”.
Se é tudo “farinha do mesmo saco”, como se diz na linguagem popular, o que leva à escolha de Dilma? Então a diferença seria ideológica, recuperando a diferença entre esquerda e direita. Dilma é esquerda e Aécio direita. Será? Em que a prática do PT é de esquerda? Distribuição de renda? Nada mais liberal. Um dos primeiros e maiores defensores deste mecanismo foi Milton Friedman, principal expoente do neoliberalismo econômico da Universidade de Chicago. E sabem por quê? Porque não enfrenta as questões estruturais da pobreza, conserva a pobreza em vez de combatê-la. Isso é esquerda? A pobreza e a desigualdade no Brasil vêm caindo desde meados dos anos 90 (não invenção do PT) e decorre muito mais de um processo demográfico – redução do tamanho das famílias e do aumento da população em idade ativa – do que do programa Bolsa Família (ver a respeito, nesta mesma Revista Será?, o artigo “As mudanças demográficas e a pobreza no Brasil”).
Sem tirar o mérito deste programa, o que incomoda aos críticos do PT é a mistificação deste instrumento e de várias outras iniciativas vendidas como a salvação do país e a solução da pobreza no Brasil. Metade dos beneficiários da Bolsa Família está no Nordeste e, no entanto, foi precisamente nos Estados da região onde a taxa de pobreza caiu menos; a região tinha a mais alta taxa e continua sendo a mais elevada do Brasil. De 2000 a 2010, a pobreza caiu 5,9% ao ano na média do Brasil e, no Nordeste, apenas o Rio Grande do Norte teve um declínio um pouco maior (6,2% ao ano). A maior queda foi em Santa Catarina, com 11,8%, e no Paraná, com 10,2%; em Minas Gerais a pobreza declinou cerca de 7,7% e em São Paulo 7,1% ao ano (dados do IPEA). Fora o Rio Grande do Norte, todos outros estados do Nordeste tiveram redução da pobreza entre 5,5% ao ano, Sergipe, com o melhor desempenho, e 4,5% ao ano, no Maranhão. Com isso, aumentou a diferença entre taxa de pobreza dos Estados do Nordeste e a média nacional e, principalmente, os Estados do Sul e do Sudeste.
O uso abusivo do discurso esquerdista do PT, assumido por velhos militantes dos antigos partidos de esquerda, não tem mais nenhuma relação com a realidade e com as políticas petistas. Da mesma forma que não tem fundamento a pecha preconceituosa de direita a todos os que criticam o governo do PT e votam na oposição. Esta classificação como direita e elitista de todos os que criticam o PT tem o propósito de inibir o debate e constitui uma detestável pressão moral e ideológica.
Outro argumento recorrente para justificar o voto em Dilma é o que chamam de ódio ao PT da chamada direita (na verdade todos que estão contra Dilma). Não vêm o ódio do PT à oposição? Existe sim uma rejeição forte ao PT no país que é tão forte quanto a arrogância deste partido e do seu governo, para quem “os fins justificam os meios” e que se considera acima do bem e do mal, os puros e perfeitos, os donos da ética, tão donos que podem joga-la na lama. Este componente meio fundamentalista que divide os brasileiros entre nós e eles é a base para o fanatismo e para o ódio. Por outro lado, a campanha de Dilma usou e abusou de baixaria e de mentiras e os blogs dos seus aliados espumavam pela boca. Veja o que fizeram com Marina Silva?
Os opositores do PT e de Dilma seriam de direita e da “elite branca”, brasileiros perversos que não suportam que os pobres ascendam à condição de cidadãos. Esta afirmação, que se repete em todos os discursos petistas, é uma simplificação grosseira das críticas de amplos setores da oposição ao PT, técnica publicitária também reiteradamente utilizada de acusar os adversários em vez de se explicar à sociedade. Por que alguém poderia rejeitar a melhoria das condições de vida da população brasileira que, aliás, continua na lama com dramática carência de serviços públicos? E os capitalistas, que devem ser parte desta “elite branca”, estão adorando o consumo da população e, particularmente dos pobres pela escala que representa na compra dos seus produtos.
Quando os argumentos faltam e a capacidade política mingua, resta a reza do teólogo Leonardo Boff: “Peço a Nossa Senhora e a todos os santos que esse homem (Aécio) não ganhe, porque ele é inimigo do povo” (citado no blog de Ricardo Noblat). Este o outro lado do fanatismo religioso no Brasil (o Malafaia católico) para quem o adversário do PT é inimigo do povo, quem está contra o PT está contra o povo. Lamentável!
Será? Não quero me dar ao luxo de citar estudos nem estatísticas. Quero apresentar fatos aos quais podemos observar. Você já veio ao interior do estado? Ora ora, saia do escritório da Factta, pare de pensar um pouco de Competitividade entre empresários no mercado de trabalho, e vá ver o que aconteceu com as pessoas que vivem lá.
Aliás, eu não sabia que oferecer programas que dão base para a vida da pessoa e permitir seu crescimento econômico é mantê-las na pobreza.
Converse com elas.Vá lá ver o que eu vejo.
Depois você posta aqui de novo.
Porque este post está lamentável.
Ana Cícera
Existem duas formas de avançar no conhecimento da realidade: observação direta dos fatos, e a análise e interpretação de informações e dados estatísticos. Mas o conhecimento depende em ultima instância da troca e interação das percepções e do debate de ideias. Nesse sentido, o seu olhar, mesmo que parcial, contribui bastante para se entender o que vivemos hoje no Brasil. Infelizmente, contudo, você questiona minha análise e os dados que apresento e, embora prometa apresentar fatos “aos quais podemos observar” não os mostra. Apenas me sugere ignorar as estatísticas e ir para o interior, ver e ouvir a situação do povo. Pelo visto você só confia no que observa, embora a observação direta e individual da realidade seja útil mas sempre limitada e parcial porque não percebe o conjunto da realidade nem analisa as causas das mudanças. No fundamental, a sua observação da pobreza no interior não difere muito da que eu indiquei no artigo: a pobreza no Brasil vem declinando cerca de 5,9% ao ano de 2000 a 2010. Temos menos pobre. Esta é uma realidade que a sua observação indicaria e que eu posso quantificar utilizando dados observados e processados por dezenas de pessoas que foram para campo (incluindo o seu interior) para gerar uma informação menos parcial e quantificável.
O que incomodou você me parece foi o fato de que a pobreza do Nordeste e de Pernambuco caiu menos que a média nacional e bem menos que os estados do sul e do sudeste: Brasil 5,9%, Pernambuco 4,98% (nada desprezível, claro), São Paulo 7,1% e Santa Catarina 11,8% ao ano. O que incomodou mais ainda, me parece, foi um raciocínio com base nesses dados (não apenas olhar e ler mas também refletir sobre): SE METADE DA BOLSA FAMÍLIA FOI DISTRIBUIDA NOS ESTADOS DO NORDESTE, PORQUE A POBREZA CAIU MENOS PRECISAMENTE NESTES ESTADOS? Penso que podemos tirar uma conclusão desta contradição: NÃO É A BOLSA FAMÍLIA QUE PROVOCOU A REDUAÇÃO DA POBREZA MAS O MERCADO DE TRABALHO, COM IMPACTO NO AUMENTO DOS SALÁRIOS (E NÃO APENAS DO SALÁRIO MÍNIMO, QUE É POLÍTICO) E O DECLÍNIO DO TAMANHO DAS FAMÍLIAS.
Agradeço sua crítica. Abraços, Sergio
Lamentável ver a miséria das palavras aqui! Cícera das quantas, você deve ser beneficiária dos “programas que dão base à vida das pessoas”. O que dá base e dignidade é o TRABALHO, não esta vadiagem sistemática! Infelizmente, Dona Rute Cardoso teve a ideia, vilipendiada por uma nova forma de “cabrestar” o povo, via arrogância do PT, que rouba para si um programa a dar certo, para quem tem inteligência! Vá trabalhar é o melhor que você faz!
Ana Cícera,
Concordo com o seu comentário. Caso queira estatísticas para dialogar com aqueles que só acreditam nelas, segue uma análise dos dados de inclusão social bastante elucidativos.
http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/11/1542772-tereza-campello-para-alem-do-bolsa-familia.shtml
Abraços.
Glaucia
Sérgio: louvo seu artigo, que procura basear-se nos fatos e na argumentação racional, não na enganação ideológica que envenenou a um grau extremo a disputa eleitoral. Receio, porém, que você convença apenas a quem já segue os trilhos racionais da sua opção. Esse falso antagonismo ideológico (PT vs. PSDB), que você dissolve com fatos, é antes de tudo um sintoma do nosso atraso social e mental. A verdade é que o Brasil está preso ainda à mentalidade do séc. 19. Daí supor que uma compreensão da nossa história na linha da longa duração, como antes já assinalei em comentários e artigos que postei na revista Será?, é essencial para melhor compreendermos as imensas barreiras que se erguem contra nosso ingresso definitivo na modernidade. É devido a esse atraso, por exemplo, que recaímos ainda nessas falsas polarizações ideológicas, assim como em todas as deformações grosseiras relacionadas à discussão sobre o Bolsa Família.
Fernando da Mota Lima
Sabe o que me assusta? O doutrinarismo do ódio que vem corroendo este país. Temos focos de ódio: riqueza, elites, países desenvolvidos, economia capitalista. Mas todos os que professam esse ódio retoricamente, agem beneficiando-se de cada um desses focos, caminham por seus meandros dando com uma mão e tirando com a outra apenas para si mesmos. Como na piada, o marxista fala mal do capitalismo tomando coca-cola com cheeseburguer, enviando torpedo pelo celular. Você que estuda a tanto tempo esse assunto me diga quando (em que época) nós tivemos uma política verdadeiramente nacional, não somente de discursos, mas de atos? A quanto tempo vem sendo formada essa política do ódio? Como se quer construir uma sociedade (dita nacional) se cultivamos e realçamos as diferenças, se institucionalizamos a divisão social? Considero acintosos os jargões desta política democrática: do povo, para o povo e pelo povo. Que povo? Devem estar falando dos chineses, dos cubanos ou dos russos, porque dos brasileiros, dos milhões de analfabetos funcionais que continuam acreditando que o “governo” “dá tudo”, a eles só o dever do voto de cabresto. Tudo é maquiagem, tudo é camuflagem. A quantas anda realmente a educação nacional? Essa democracia robinwoodiana é ridícula, incompetente, estreita. Disse um pensador que a ignorancia e o ódio caminham juntos, se é verdade, para onde vamos?
Texto muito bem escrito. Contra fatos não há argumentos.
Cícera:
Parece que a Factta entrou de gaiata no seu comentário. Ali é apenas um lugar de trabalho, sem nenhum Catilina, nem nazistas (que nem Lula os identificará) e mais diversificado, democrático e produtivo do que o Senado Romano.
Sérgio é duplo militante intelectual. No pão nosso de cada mês e nas análises que faz sobre o Patropí, estas na Revista Sera?, no JC e nos seus (dele) livros.
E viva o debate educado que esta revista permite e que continuará promovendo quando e se a poeira baixar e a torcida organizada, vociferante recolher as armas da injúria, da calunia, da paixão do Nós e Eles, que por sinal não a identifiquei no seu texto.
Permita-me, no entanto, dizer o que vejo no interior do Nordeste e de Pernambuco, pois os frequento desde que comecei a juntar uns caraminguás para comprar o meu pão, desde um tempo que não os havia de trigo integral; desde o tempo das campanhas de Cid, Lott, Arraes, Jarbas, Brizola e depois Lula. Até aí. Depois dessas só votei ou pedi voto aos meus conhecidos. Mas não me perdi do tal “interior”, por profissão e por glutoneria, sem nunca, no entanto, deixar de ver e matutar sobre o que vejo.
Penso que abonei o que vou dizer em seguida.
Ainda não vi, no busílis, isto é, dentre os que chamamos de pobres e paupérrimos, a mudança que hoje os redimiria.
Os do andar de baixo, como diria Gaspari, os do sertão, continuam flagelados apesar de não mais retirantes, graças bolsas de diversos tipos; os cassacos estão cortando cana, cana de fita, cada qual mais bonita de se ver, onde ainda há canavial. Os que cortavam e perderam o trabalho pela falência das Usinas e Engenhos não conseguem se empregar em fábricas e nos “resorts” por causa do analfabetismo absoluto ou funcional e continuam migrando para a capital e o seu entorno. Com mais dificuldade do que antes Os pitus sumiram, caranguejos só para os dos andares superiores, pois pela lei da oferta e da procura ficaram caros e sumiram com os aterros dos mangues, aqueles de Josué, João Cabral e de Teresa Sales (beleza de livro, Teresa, gostei muito).
A patuleia continua sem teto, sem-terra, sem trabalho, mas com bolsas, Graças a D`eus como diria Boff.
Pegando carona
Com licença de Sérgio e de Ana, aproveito para comentar a apresentação da Editoria nesta semana, pois não sei onde comentá-la e digo aos editores que não estou em crise.
Confio tanto na inteligência dos leitores que acho uma frase bastar. Além do que, ultimamente o meus gosto pela ironia não chega a mais do que isso.
O que faz Sergio é colaborar para quebrar a mitologia de que a mistura ao lado da Dilma é esquerda e a mistura ao lado do Aecio é de direita. São ideológica e programaticamente iguais. A diferença é que uma chega quebrando os vicios da outra e este será um bom serviço ao Pais. Além de colocar os partidos e movimentos sócias e intelectuais que ainda têm vigor transformador, para buscarem uma alternativa. Não há vigor transformador nos porões bem remunerados e condicionados dos palácios, onde estão hoje PT e todos os demais partidos da base do governo, deitados com os maiores inimigos do povo que os apóiam. Cristovam
Parabéns pelo texto.
O problema desse artigo é que se utiliza de várias generalizações, opiniões e falsas premissas como se fossem argumentos ou verdades absolutas. Pra começar, o PT não acusa a oposição de ter criado a corrupção. O que é defendido pelos militantes do partido é que essa é uma questão estrutural de nossa sociedade e precisa ser combatida. Quem acusa o PT de ter criado a corrupção é a imprensa.
Em segundo lugar, nenhum governo de coalizão é de esquerda. É, geralmente, centrista. A política econômica do candidato tucano é que é direitista, com um ferrenho defensor do consenso de Washington cotado para assumir a fazenda.
A pobreza no país vem realmente caindo desde os anos 90. O autor, defensor dos números e estatísticas, poderia nos brindar, contudo, com as estatísticas dessa queda a partir de 2002. A diferença é gritante.
O autor diz, ainda, que a Bolsa Família não é responsável pela queda da desigualdade, e sim a criação de empregos. Ignora, contudo, os esforços do governo federal nesse sentido, bem como as taxas de desemprego nos governos petistas. Tb ignora o aumento real do salário mínimo.
O que o PT fez com Marina Silva?
Outra afirmação estapafúrdia é a de que o PT se acha acima do bem e do mal. Trata-se de uma opinião do autor, utilizada para dizer que o PT jogou sua dignidade na lama.
A seguir, o autor parece ignorar as diferentes esferas de poder, atribuindo todas as mazelas do serviço público ao governo federal, como se não existissem mais 5500 prefeitos e 27 governadores no país.
Para finalizar, atribui o ódio dessa campanha ao PT e aos blogueiros “sujos”, ignorando o mantra repetido pela oposição tucana (Fora PT), os ataques constantes à militância petista (físicos, inclusive) e a vergonhosa campanha midiática contra Dilma, que culminou nessa capa criminosa da revista veja.
Capa criminosa da revista Veja? Não seria criminoso justamente o conteúdo da matéria que a capa anuncia? Não venha me dizer que é tudo mentira, estamos muito cansados dessa retórica. Sujos , realmente, não são os ‘blogueiros, sujo é o que eles multiplicam a partir do comando do seu partido, o PT. A forma como sua “presidenta” ataca seus adversários , ameaça os beneficiários do bolsa família e do “minha casa minha vida” autoriza seus militantes a fazer o pior, longe das necessárias travas da lei e da ética. Olhe com seu olho menos cego e ouça com seu ouvido menos surdo o seu partido. Não permita que ele te roube o dom e a liberdade de pensar, não se apoie nesses slogans que tomam o lugar da fala encadeada e do dialogo .Para mim ainda é muito enigmático o conteúdo que vocês tanto protegem, trancafiado e impermeável ao debate. Só pode ser algo muito pessoal, muito íntimo e por isso único. Nesse segredo mórbido vocês petistas encontraram um ninho muito apropriado e, pode ter certeza, os nordestinos não estão dentro desse ninho, são vítimas desse arranjo perverso entre a “esquerda caviar” e a esquerda oportunista, mais direita da história, sedenta de poder, o PT.Esse partido fez de vocês fantoches com meia duzia de jargões ultrapassados que de repente voltaram a baila , anacronicamente, e retiraram de vocês a função importante de auxiliar a “massa” manobrável a pensar. Acho que vocês têm muito medo de reduzir as razões para continuarem PT, de serem mais “simplificados”, de ao menos terem a honestidade de não aprovar o que é visível, pois, assim reduzido, racionalmente, sobraria muito pouco a defender. A argumentação petista é uma nuvem de fumaça densa e longa, porém, impalpável e, como qualquer nuvem também passará.
Escrevi cinco tentativas de artigo sobre o assunto das eleições e não consegui conclui nenhum deles, pois a carga emocional e ideológica é muito forte, e agressiva. Desaprendi a falar em ambiente de muito agressividade. Mas, de uma coisa estou certo: nem o PT é de esquerda, nem o PSDB (que nasceu na esquerda do PMDB) é de direita. Esta é construção ideológica que o PT realizou, pouco a pouco, e muitos, sem buscar os fatos, engoliram e repetem. A direita dessa pais deixou de apresentar candidatos desde 2002, pois viram que politicamente era mais interessante se unir a um dos lados em disputa: o antigo PFL, juntou-se ao PSDB (desde 1994), e os outros partidos de direita, com seus Malufs, Sarneys, Renans, juntaram-se ao PT. A maioria parlamentar do governo tem 19 partidos e 2/3 de direita. Ao assumir o poder o PT, inteligentemente, manteve a politica econômica de seu antecessor, convidou o ex-presidente do Banco de Boston, deputado federal eleito pelo PSDB em Goiás para dirigir o Banco Central e convidou o mais “liberal” dos petistas, Palocci, que quando prefeito privatizou a cia das águas, para ministro da Economia. A mesma politica proposta pelo PSDB e denominada de neoliberal. Ademais, turbinou os programas sociais ja existentes num pacote chamado de Bolsa Família, três dos quais inventados no governo passado (a Bolsa Escola foi um deles, implantado no DF por Cristovam Buarque contra a direção do PT da época que se dizia tratar de um programa assistencialista,quando era um programa educacional, propiciar melhores condições de aprendizagem para as crianças de famílias pobres). O Bolsa Família é um programa assistencialista. Mas, “dar o peixe” nunca foi componente dos programas de esquerda no mundo, “ensinar a pescar”, sim. Porque o primeiro mantém as pessoas dependentes dos políticos – como fizeram todos os populistas deste pais e no lugar onde estou, DF, o Roriz. Claro que não sou contra a assistência social. Há situações em que é indispensável. Mas esta tem que ser pensada como temporariamente. Finalmente, o que caracteriza um partido de esquerda, não revolucionaria claro, são as reformas. Em 12 anos o PT não fez nenhuma, e, sobretudo a mãe de todas, a reforma politica. Sobre esta Dilma falou numa sexta feira em cadeia nacional quando o povo estava nas ruas, em 21 de junho de 2013. Lembrem-se que ela assumiu em 1 de janeiro de 2011. Mas os seus aliados logo jogaram na lata do lixo sua promessa. E não se voltou a falar no assunto. Desculpem meus amigos petistas,mas isso não é ser de esquerda. E não venham me dizer que os pobres votam no PT. Em 1989 os pobres votaram em Collor de Mello. Na ocasião foram chamados de “descamisados”, atrasados. Hoje se tornaram na ” força do povo”. O Nordeste nos anos 1980/1990 votava predominante no PFL, era denominada de “atraso do País”, hoje tornou-se a vanguarda, porque vota majoritariamente no PT. É muita manobra ideológica para o meu gosto. Causa-me nojo. Não vou falar aqui porque o outro lado não é a direita, seria ocupar muito espaço para um comentário. Ademais se não existe a esquerda não existe a direita.
Elimar: apesar de sua confessada indignação, felizmente ela não o priva do discernimento crítico necessário à proposição do debate de ideias esclarecedor e portanto desmisticador das deformações ideológicas que amesquinharam a atual campanha eleitoral. Por isso concordo com as linhas gerais do seu argumento. Um abraço,
Fernando da Mota Lima.
Sérgio, parabéns pelo texto. Faço das suas as minhas palavras.
Amigo Sérgio:
Receba, mais uma vez, meus cumprimentos, pela absoluta correção e justeza do seu texto, e pela obstinação em tentar esclarecer mentes contaminadas por essa espécie de vírus de falso esquerdismo. Pois na verdade, todas as pessoas verdadeiramente de esquerda que aderiram ao PT já o deixaram: Hélio Bicudo, Fernando Gabeira, Francisco Oliveira, Luíza Erundina, Cristovam Buarque, Eduardo Alves, Marina Silva, Plínio de Arruda Sampaio e muitos mais.
Com efeito, como compactuar com um partido cuja direção, quase toda, está presa por corrução comprovada e julgada? E como conviver com a hipocrisia do discurso antiprivatista, quando as privatizações feitas pelo PSDB foram mantidas e até ampliadas, como também com a falsidade do discurso antimonetarista, quando o presidente do Banco Central escolhido pelo Governo do PT foi o Henrique Meireles, presidente mundial do Bank of Boston e filiado ao PSDB?
A mistificação envolvendo o “bolsa família” como criação exclusiva do PT e única responsável pela melhoria de renda do povão é apenas uma, entre tantas, que vêm sendo impostas aos brasileiros.
Parabens Sergio pela lucidez e clareza do texto.Confesso que estou muito decepcionado, até meio deprimido com o resultado das urnas,e me perguntando: cadê o povo que foi às ruas pedir mudanças urgentes?
de vários candidatos os três de destaques farinha do mesmo saco , o povo preferiu dilma porque era menos pior, um preso no rio de janeiro pela lei seca o outro ate agora não ouve explicação da origem da compra do jatinho! onde fica a moral dos candidatos.
A Dilma não ganhou a eleiçao ,o Aecio perdeu a eleição quando não ganhou em Minas Gerais onde governou por oito anos.A Dilma vai levar o Brasil para o fundo do poço .Se não sofrer impeachment por causa da corrupção na Petrobras Se Ben Bradlee estivesse vivo e no Brasil e estivesse na VEJA a Dilma seria afastada do Governo. No primeiro dia de Governo as açoes da Petrobras cairam 12% o dolar subiu 2,64% e a bolsa caiu na mesma faixa do dollar. Desafio a Dilma a processar a VEJA como ela disse que iria. A Dilma como ex terrorista incita o terrorismo quando disse que o que a VEJA fez foi terrorismo eleitoral. De novo : desafio a presidenta a processar a VEJA como ela disse publicamente que ia fazer .Não entendo como uma mulher arrogante , prepotente e que não houve ninguem vai unir o pais .Nem como ex terrorista vai punir o vandalismo embora cinicamente afirme que condena o vandalismo.Já prendeu alguem?
Análise precisa da nossa triste realidade.
Parabéns a Sérgio e alguns comentaristas ! Dizem tudo o que penso/sinto e não sei expressar!! Parabéns!!
Sérgio, seu texto é excelente e de uma lucidez impressionante. Infelizmente a concessão das diversas bolsas à população carente,vem mascarar uma realidade sombria, ao se atribuir o fim da miséria a um programa de transferência de renda que não atende às reais necessidades de uma verdadeira e efetiva inclusão social ( educação,habitação e saúde) e legitimação de uma plena cidadania.
Comparar diretamente dados dos estados do sul com dados dos estados do nordeste demonstra a enorme falha de seus argumentos e análises;
é muito simples;
não se compara melão com melancia.
Carregue um caminhão com melão e depois um com melancia – a experiência é a mesma?
(não é retórica – vai lá na ceasa e faça a experiência; depois me fale da sua coluna!)
Sou do sul – Curitiba; e a “pobreza” em Curitiba/Paraná, Santa Catarina – onde morei 20 anos; e Rio de Janeiro – onde estou; é completamente diferente.
A educação é diferente; a percepção das coisas é diferente; a relação com a ética é diferente; a relação com a educação é diferente; a relação com o estado é diferente; Não tem nada igual!
Sul e nordeste vivem estágios de desenvolvimento totalmente diferentes;
Mas confesso que acho estas análises de “especialistas” muito engraçadas; e, a cada dia que lei mais “nossos especialistas”, mais tenho certeza de que não passam de “ilusionistas!”;
Que tal um artigo “a doença dos ilusionistas”?
Sergio, seu texto é excelente pois gera muita reflexão. Só fico triste pelo título que você escolheu. Por possuir uma agressividade vai fazer com que as pessoas já o comecem a ler na defensiva. Só estou comentando aqui para de repente fazer com você o mesmo que você fez comigo: refletir. Um outro título poderia ser mais efetivo. Um grande abraço.
Texto interessante. Entretanto, depreende-se que a redução da pobreza no nordeste continua a ser um fato incontestável, apesar de ocorrer num ritmo menor. Será que isso não está relacionado à estrutura social mais perversa da região, onde o coronelismo foi enfraquecido mas ainda possuí grande influência? De que modo essa redução da pobreza poderia ser ampliada?
Por outro lado, o censo do IBGE revela que houve crescimento da renda domiciliar em 25,5% no mesmo período na região,o maior do país. Além disso, foram gerados 4 milhões de empregos desde 2002 na região. Talvez isso( a redução menor da pobreza) se explique pela base menor.
Thiago talvez tenha razão, o título pode suscitar prevenções. Mas lembro que “A Doença Infantil do Esquerdismo no Comunismo” é também o título de um livro de Lênin…
Elimar Nascimento, seu texto é abrangente, completo, ilustrativo, sobretudo diplomático e gostoso de ler.
Poderia receber umas linhas a mais, fora da linha, desbocada, deselegante: o PT se tornou populista por inteiro.
Populista é a direita mais desprezível, mais deletéria. Porque é a mais dissimulada: é caudilhista (ou coronelista), na típica distribuição de favores com cobrança de dívidas de gratidão, no forte culto à personalidade, em esquema de publicidade intenso, com decididas restrições à democracia, na apropriação de alguma ideologia de sucesso como pano de fundo, para infundir vanguarda, modernidade. Nossos vizinhos são populistas, o Maduro, o Morales, La Kirchner y otros más, todos tipo esquerda. Berlusconi fazia o mesmo gênero, tipo direita. Fora aqueles do gênero apoteótico, como Moammar El-Gadhafi bem representava. O populismo é o poder pelo poder e quanto mais conseguir manter o atraso, melhor, com prosperidade inclusive. Por isso a negação às reformas ou qualquer viés que estimule debates, discussões, proposições, velhas práticas de seu período de esquerda, que trazem riscos de mudanças. Esse populismo se expressa até onde menos se espera. Como foi a posição de Dilma, no debate da Globo, pelo Voto Proporcional, a essência eleitoral do populismo. Além do quê, não é por mero acaso esta confluência da direita brasileira, com Maluf, Collor, Sarney, Delfim Neto & Cia, no núcleo do PT: há uma identidade política que une todos. Como também ocorre no campo internacional, na ligação com o Hamas, o Irã e outros grupos situados sempre à direita, até as teocracias mais medievais. Nos países de democracia mais apurada, as práticas do populismo são coibidas por legislações duras, como nos EUA, pelo perigo que traz à própria democracia.
Sergio, suspeito que somos governados por um único partido e isso vem acontecendo desde mais ou menos uns 30 anos. Suspeito que seja o PMDB quem orquestra o equilíbrio da balança, e isso foi comprovado, e bem divulgado, mais uma vez, esta semana pós eleição. Os outros dois partidos que se alternado no posto do executivo federal apenas alternam com tendencias um pouco mais ou um pouco menos a esquerda, e as vezes, novamente bem a direita. E pelo que tudo indica, em 2018 não será diferente. E para o PMDB, mas também para a grande maioria dos outros dois, infelizmente, não interessa nem reforma politica e nem muitos esclarecimentos. E é incrível o poder de sobrevivência do PMDB: estão presentes no mensalão tucano e no mensalão petista mas ninguém faz muita atenção, distraídos que estamos na superfície das manifestações politicas, coisa que eles e tantos outros garotinhos adoram, porque ficam fora dos holofotes. Pergunto: você tem alguma opção melhor para ser colocada no próximo 2018, quando, pelo que tudo indica, nos restará escolher entre Alckimin e Lula (ou pequenas variantes deles)???
Outra coisa que pode ser interessante acrescentar nessa discussão: a valorização do salário mínimo não causou essa pressão sobre o mercado de trabalho que elevou os salários? Pergunto isso porque o estado que registrou a maior redução da pobreza( Santa Catarina) possuí também um mínimo estadual.
Ana Cícera,
Com todo respeito, desça das suas certezas e saia pelo Brasil pra ver.
http://oglobo.globo.com/sociedade/nas-vilas-ribeirinhas-do-amazonas-37-mil-pessoas-carecem-de-medicos-saneamento-14635488