Diante do conselho político de um aliado para adotar uma postura tolerante com a religião católica na União Soviética, o ditador José Stalin perguntou de forma irônica: “Quantas Divisões tem o Papa?” Stalin não era bobo e sabia que o Vaticano não tinha armas, mas, dependendo do jogo diplomático, conta com o poder moral e a enorme influência da religião em todo o mundo. Com estas “Divisões”, o Papa Francisco I está se movendo de forma ousada em áreas de conflito, seja como negociador, seja com decisões que reequilibram as disputas nacionais. No início do ano, o Papa negociou a reaproximação de Cuba e Estados Unidos, o que já está produzindo efeitos nas relações diplomáticas entre esses dois países e pode levar ao final do embargo e a uma mudança radical nas relações políticas e diplomáticas no continente. Nesta semana, o Papa foi mais longe e surpreendeu o mundo com o reconhecimento oficial do Estado Palestino, com a abertura de um tratado de cooperação do Vaticano com aquele Estado. Manifestando “desapontamento” com a decisão do Papa, o governo de Israel reconhece a força política e moral do Vaticano e teme que o reconhecimento do Estado Palestino tenha efeito de propagação da posição “Duas nações, dois Estados” como ponto de partida para a construção da paz no Oriente Médio.