A nova onda de terrorismo dos últimos dias na França, no Líbano e no Egito, não pode ser atribuída à religião islâmica mesmo que os seus autores gritem o nome de Alá e que o Estado Islâmico assuma a responsabilidade pelos atentados. Nenhuma instituição religiosa prega mais a violência e a morte dos hereges e infiéis, como fizeram aberta e oficialmente no passado como a Inquisição, a Jihad e várias guerras de inspiração religiosa. Mas se o islamismo é uma religião da paz, não há como ignorar que o terrorismo do Estado Islâmico, como da Al Qaeda e do grupo Boko Haram, é o produto direto do fanatismo religioso que continua latente, no caso, do fanatismo de seitas islâmicas sunitas e wahhabistas. O fanatismo está sendo estimulado pelos líderes do Estado islâmico e explorado, dentro e fora do seu território, para promover a violência e o terror, mobilizando os ressentimentos e atraindo os jovens sem perspectivas no mundo árabe mas também nos países ocidentais. Nesta guerra, muçulmanos são também vítimas. Os que não comungam do fanatismo do Estado Islâmico são atacados e condenados como hereges e infiéis, milhares estão sendo mortos no campo de batalha ou nos países vizinhos. E os milhões de muçulmanos pacíficos que vivem na Europa e que rejeitam a violência o fanatismo? Tudo indica que um subproduto desta nova onda de terrorismo aumentará o preconceito contra as comunidades muçulmanas e os refugiados que fugiram da guerra na Síria. A ultra-direita e a xenofobia europeia fortalecem sua propaganda para convencer uma opinião pública assustada do risco da presença de uma crescente população islâmica. Comprovadamente pacífica, a esmagadora população islâmica pode ser vítima de uma violência insana dos fanáticos.
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Fortalecer a xenofobia e fechar portas foi um dos objetivos do atentado. Como mostra o artigo http://edition.cnn.com/2015/11/18/opinions/ghitis-isis-self-destructive/index.html, ninguém comete atentado com passaporte a toa.
Mas não podemos ser ingênuos com essa conversa de religião da paz. Em todo canto, tem fundamentalistas. Faz diferença se são violentos ou não. Também faz diferença se a tradição religiosa é violenta. Há chamamentos importantes no livro sagrado dos muçulmanos ao uso da violência para impor a Verdade (deles) aos que nela não creem. Também há algo no Velho Testamento, mas a saga dos hebreus não é contada como uma sucessão de vitórias militares nem há uma conclamação ao uso da espada como instrumento de convencimento.
Sem dúvida, no mundo ideal o livre trânsito de pessoas entre países garante a renovação das culturas, a diversidade e, mais pragmaticamente, até o equiíbrio demográfico. Mas há outros fatores a serem considerados, especialmente a auto-defesa da democracia ocidental.
Muito esclarecedor!
Pra mim, não podemos ser ingênuos com essa conversa de religião da guerra. A maioria dos muçulmanos são contra o Daesh. Se existe chamamento ou não, a maioria é a favor da paz e isso q importa. Pra mim, não podemos ser ingênuos com essa conversa que a guerra que eles querem tem como único objetivo impor sua crença.
Tá… Abaixo a islamofobia e todas as fobias! E abaixo os governos dos países cristãos que usam a mais covarde das formas de extermínio, os ataques aéreos… Abaixo o terrorismo de estado, antes e acima de tudo
A gente também precisa lembrar que não estamos tratando de algum país em abstrato, onde prevalece a democracia, e dois partidos se enfrentam nas urnas, cada um com seu programa. Aí trata-se de debater racionalmente diferentes programas e ideias. Mas como abordar uma turma que está simplesmente degolando – sim, degolando – quem não os aceita? Claro que preferimos o caminho pacífico. Mas …. se o outro lado não quer conversa?! Está tomando o poder, controlando cidades, e impondo suas regras sob pena de degola. Vocês acham que tem tanta gente fugindo da Síria atoa? Cada caso é um caso. No caso concreto de Timbuktu eu acho que foi correto o exército francês ajudar o exército do Mali a recuperar controle da região e expulsar os jihadistas ultrafanáticos.
Isso não tem a vê só com terrorismo. Isso é guerra pelo petróleo e outras vantagens territoriais. Que lado quer conversa ? Que lado quer ceder ? Não existe bonzinho nessa história. Só quem paga o pato são os inocentes. Ou vai me dizer q os ataques norte-americanos, russos e franceses só matam soldados ?
Pincei alguns trechos do LIVRO VERDE DO AIATOLÁ KHOMEINI
Dos princípios Políticos, Filosóficos, Sociais e Religiosos.
Não vou fazer comentários para não ter o dissabor de ser tachado de islamofóbico pelo senhor Zé Nivaldo ou outro que queira polemizar.
1-As leis não dependem da vontade do povo, mas sim unicamente do Corão e da Suna do Profeta. Suna=tradição
2-Todos os governos do mundo repousam na força das baionetas.
3-A guerra santa significa a conquista dos territórios não-muçulmanos. Será então dever de todos os homens válidos e maiores de idade alistar-se como voluntários nessa guerra de conquista, cujo objetivo final é fazer a lei corânica de um extremo a outro da terra.
4-Que compreendeis vós do acordo entre a vida social e os princípios religiosos? … Nesses focos de imoralidade, que se chamam teatros, cinemas, dança, música?
5-A Europa (o Ocidente) não passa de um conjunto de ditaduras, cheias de injustiças.
6-É preciso castigar os crimes pela lei de Talião: cortar a mão do ladrão, matar o assassino em vez de o mandar para a prisão, flagelar a mulher e o homem adúlteros.
7-A instauração de uma ordem política secular equivale a entravar o progresso da ordem islâmica. Todo poder secular, seja qual for a forma pela qual se manifesta, é forçosamente um poder ateu, obra de Satanás. É nosso dever exterminá-lo e combater seus efeitos.
8-No momento de defecar ou urinar, é preciso se agachar de modo a não ficar de frente nem dar as costas para Meca.
9-Consumir vinho e bebidas alcoólicas é um pecado capital, estritamente proibido.
10-O corpo de um indivíduo não muçulmano é impuro…
11-O vinho e todas as outras bebidas que embriagam são impuros, mas o ópio e o haxixe não o são.
12-não é recomendável deixar entrar numa mesquita um débil mental, uma criança ou alguém que haja comido alho.
13-Olhar para o rosto e as mãos das judias e das cristãs, se não for com a intenção de procurar prazer e se não se tiver medo da tentação não é proibido.
14-É proibido a um homem olhar o corpo de uma mulher que não seja a sua…
15-O corpo do defunto deve ser colocado no túmulo do lado direito, de maneira a que o rosto fique voltado para Meca.
16-É proibido enterrar um muçulmano no cemitério dos infiéis e enterrar um infiel num cemitério muçulmano.
Décio foi às fontes para mostrar como importantes lideranças do islamismo defendem (defendiam, no caso de Komeini) a intolerância e a violência, a guerra mesmo contra todos os hereges (a humanidade não muçulmana). O mesmo Komeini, quando dirigia o Irã, decretou a morte e estimulou seus seguidores a matarem Salman Rushdie por um livro escrito (literatura) em que fala dos versos de Maomé. Sera que estas “lições” do líder máximo da seita xiita do islamismo, Aiatola Komeini, a maioria simplesmente patéticas, inspira a paz e o respeito à diferença? O Estado Islamico, sunita, não parece ser menos radical, intolerante e fanático. Não se pode cair na islamofobia, claro. Mas é um enorme equivoco e simplificação, jogar no mesmo bau o terrorismo dos seguidores do Estado Islamico e os ataques dos “Estados cristãos” aos núcleos de poder do terror.
Muito oportuno, Décio, valeu o esforço.
Isso não distorce nada, apenas reflete bem o pensamento de um ator que foi fundamental numa vertente civilizacional da maior relevãncia no equilíbrio do Oriente-Médio.
Vou incorporá-lo a meu acervo para debates posteriores. Gostei demais, obrigado.
FD
Jamais podemos esquecer que o terrorismo está declarado Mundialmente inclusive em nosso país, talvez com menos gravidade e que consegue passar despercebido façamos um levantamento dos últimos cincos anos e será que sabemos o que aconteu?
Talvez não e talvez sim e temos que está preparado para o pior.
Pois é, ou melhor, Será? Os itens 8, 11 e 12 “são simplesmente patéticas” como disse muito bem Sérgio Buarque.Mesmo numa tragédia pode surgir algo incontrolavelmente engraçado.