Editorial

A radicalização crescente da política brasileira está entrando numa fase aguda de confrontos que transcendem o espírito democrático da nação. A frustração social com o desastre econômico e o desgoverno, a desconfiança da sociedade para com os políticos, a arrogância dos petistas e o ódio entre polos rivais na disputa política estão formando um ambiente perigosamente explosivo. O Brasil está fragmentado e gravemente polarizado entre lulistas e anti-lulistas (petistas e anti-petistas). De um lado, os que consideram o ex-presidente Lula intócavel (quase como Maomé para os muçulmanos) e, do outro, os que comemoram a desmontagem do mito. Uma divisão que não tem nenhuma conotação ideológica, como pretende o PT (ou alguém ainda acha que o PT é de esquerda e que todos os milhões de críticos são da “direitona”?). O primeiro sinal desta confrontação violenta entre os dois lados ocorreu nesta semana, em São Paulo, com o enfrentamento entre grupos de manifestantes lulistas e anti-lulistas. Quando o grupo contra Lula e o governo tentou inflar o boneco gigante com a caricatura do ex-presidente, os lulistas derrubaram uma barreira instalada pela polícia para separar os dois grupos e agrediram os manifestantes opositores impedindo a exibição do Pixuleco. A intolerância política, que já ocupava grande espaço nas redes sociais, com acusações e declarações de ódio e violência de parte a parte, ganhou as ruas e indica que pode se intensificar se voltarem as mobilizações pelo impeachment da Presidente Dilma Rousseff e, mais ainda, no caso de uma eventual detenção do ex-presidente. A democracia brasileira não pode ser pisoteada pela violência de manifestantes intolerantes. É necessária uma reação forte das lideranças políticas do governo e da oposição contra atos de violência, para arrefecer este clima de intolerância que pode levar a graves enfrentamentos. Quem tem autoridade e liderança sobre as diversas tendências opostas não pode se omitir, menos ainda aceitar ou estimular o recurso a atitudes e manifestações que agridem a democracia e provocam mais violência.

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