Sou viramundo virado
Nas rondas da maravilha
Cortando a faca e facão
Os desatinos da vida
Gritando para assustar
A coragem da inimiga
Pulando pra não ser preso
Pelas cadeias da intriga
(Gilberto Gil e Capinam)
Decálogo pela busca da razão e serenidade diante do caos político que se instalou com a crise do PT. Que se dê conhecimento aos amigos, parentes, clientes, leitores e aos desconhecidos que, por algum motivo, insistem em permanecer prisioneiros das suas ideias, sem abertura para a conciliação:
- Após a votação do impeachment, independentemente de qualquer resultado recolherei “minhas armas”, delegando e dando todo o apoio a justiça para que continue investigando e punido todos os políticos e empresários envolvidos com a corrupção – até os fins dos tempos;
- Qualquer que seja o resultado ninguém tem o direito de comemorar nada, este é apenas um pequeno e imprescindível passo para reerguer a nação afundada em uma crise de proporções tsunâmicas;
- Devemos sim, ambas as facções, lançar as fundações de pontes para o diálogo, ultrapassando o muro da cegueira ideológica que cindiu a nação, separou amigos e dividiu a família;
- O fim da corrupção endêmica, pela via das instituições democráticas, em nossa história política – atingindo a todos os partidos e empresas – pode ser o primeiro terreno para, após o fim da batalha do impeachment, nos reunirmos e estabelecermos uma agenda cidadã comum; a retomada do crescimento econômico e a governabilidade é outro item importante nessa agenda;
- Minhas cicatrizes as ostentarei não com orgulho, mas como traços de minha atitude de cidadão que se envolveu, debateu, escreveu com paixão e foi para as ruas na maior manifestação popular pacífica que se tem notícia;
- Guardarei essa crise na memória, para quando meus netos puderem compreender, eu falar-lhes da crise como uma crise de depuração da democracia na qual a Operação Lava Jato destampou o fétido esgoto da corrupção política e empresarial que, há séculos, vem forjando nossa cultura de poder;
- Vou lhes incitar a defender, desde já, e com rigor, os valores democráticos em suas vidas, nas suas relações sociais pois aí reside a semente da democracia de uma nação; deixando-lhes claro que a tolerância, a ética e a diversidade cultural, racial, social, de gênero, sexo e das ideias é o principal fulcro da democracia.
- Não serei capturado obsessivamente pelas minhas ideias em detrimento de, minimamente, compreender a inquietação e angústia dos que pensam diferente de mim;
- Para isso, sempre que for curtir ou compartilhar uma notícia, comentário ou imagem, me quedarei por 30 segundos avaliando se eu não estarei, com este clique, reforçando e instigando, ainda mais, a ensandecida luta de informação agressiva que se estabeleceu nas redes sociais;
- Substituirei a discussão, aquela onde sempre há um vencedor e um perdedor -, deixando para trás um gosto amargo da derrota, ou a mágoa – pelo diálogo, cujo resultado é um novo conhecimento sobre o tema discutido enriquecendo as partes envolvidas.
Porto do Mar, abril de 2016.
Revista Será?
www.revistasera.info
Brasil, teu nome é conciliação.
Muito bom, João. Assino embaixo, e eis que lhe proponho um novo mandamento:
11) Seguirei defendendo os princípios que defendi, para que valham em qualquer governo, sem importar de que partido é.
Parabéns pela síntese.
João,
Com todo respeito, ainda falta combinar com os russos. Mas você já dá um grande passo.
Abraço,
FD
João, você já ancorado no Porto do Mar da Serenidade. É isso mesmo, nada de tripudiar. Vamos construir juntos. Parabéns.
João,
Este é o caminho desejável da pacificação. Mas não creio que pontes sejam construídas por incitativa do PT ou do Governo que não tem credibilidade para edificar nada. É mais fácil que as pontes sejam erigidas pelos que hoje são a favor da saída da Presidente.Isso não significa que os perdedores a aceitarão. Renascer das cinzas vai levar tempo. Sarar as feridas e remover as magoas vai exigir um longo e paciente trabalho de negociação política. Infelizmente não temos líderes a altura desse desafio.
Abraço
Jorge Jatobá
Que sejam apuradas irregularidades e os culpados punidos,também devolvendo o que da nação foi roubado. Porém,o passo mais importante é mesmo a paz. Que ela reine em toda nação.
João, é isso aí. Nada de tripudiar, agora é pensar na reconstrução. Alguns vão continuar na trincheira, mas a mudança de clima e a revelação de toda a verdade sobre a “herança petista” levará a maioria dos “radicais sinceros” a um novo PT. Parabéns.
Está é a posição mais adequada e melhor descrita que já li. Concordo em plenitude e vou usar como mandamentos pós Impeachment. Obrigado João.
Caro João
Considero o seu texto um belíssimo chamamento a serenidade e a conciliação. Parabéns!
Como sei q és um democrata, permita-me discordar de um dos seus pontos do decálogo 😮 ponto 2 ,relativo ao direito de comemoração!
Diria a vc que devemos sim e que temos muitos motivos para comemorar o caso de uma aprovação do impeachment este domingo!!!
Não tenho dúvidas de que Serah um momento histórico para o Brasil e uma vitória, que se eh órfã de líderes, eh carregada de representatividade do desejo da nossa sociedade.
A sociedade representada pelas nossas instituições, que inclui o povo nas ruas, terah sido representada e ouvida e de uma maneira pacifica e ordeira mudado as lideranças atuais.
Se essas novas lideranças não são as ideais paciência , são as alternativas republicanas que temos! Tenho certeza de que terão que atuar muito mais sintonizadas com a sociedade para que consigam permanecer e nos fazer representar.
Portanto digo-lhe que comemorarei muito uma maioria esmagadora na câmara esse domingo dizendo sim ao impedimento de um governo que há muito deixou de servir aos interesses da nação. Com essa ressalva irei divulgar o seu decálogo!!!!
Abs e mais uma vez parabéns pelo texto!!!
Meu caro João Rego.
Permita-me, entre tantos nomes ilustres um pequeno, vamos dizer: comentário.
Nada a se acrescentar pois, você, diz tudo em seu Decálogo. Porém, depois de ler os excelentes comentários,tenho que concordar com o que acrescentou o ilustre escriba, Alcides Pires. Trovabraço.
Meu caro João Rego: Louvo as intenções generosas e o espírito conciliador que são a tônica do seu decálogo. No entanto, cotejando seu decálogo com os posts e outras notícias do front que me chegam aos olhos e ouvidos, receio que muitos, notadamente os petistas e associados, estejam marchando na contra-mão de tudo o que você aqui expõe. Assim, convém atentar para o avesso do seu texto conferindo a devida atenção à ironia amável e realista de Fernando Dourado.
Achei o texto muito bonito, fui lá no quadradinho de “like” e curti. Concordemos em que corruptos serão punidos, qualquer que seja o partido. Mas a conciliação tem que se dar em torno de medidas econômicas de curto e médio prazo para tirar o Brasil da maior recessão de sua história. Se o impeachment será aprovado ou não, ainda não sabemos. Se for aprovado, será somente em maio no Senado. Nesse caso, quem pode propor um programa mínimo de emergência é Michel Temer, e o documento “Uma ponte para o futuro” tem sido mencionado como a base de um consenso mínimo necessário para sair do atoleiro. É aí que estou de acordo com Fernando Dourado (de que “falta combinar com os russos”): é certo que haverá grande resistência às medidas imprescindíveis para restabelecer a responsabilidade fiscal, e sem elas não voltarão os investimentos. Não há apelo à conciliação que possa evitar os protestos previsíveis. Se o impeachment não for aprovado, quem terá que propor um tal programa mínimo para começar a sair do atoleiro é Dilma Rousseff. Mas a esperança de que ela tenha capacidade para tanto se evaporou. Enquanto ainda havia quem acreditasse que ela conseguiria sair da paralisia, o impeachment tinha poucos defensores. Mas, quem ainda acredita que ela possa apresentar uma proposta conciliatória que leve à redução do “risco Brasil” e à retomada dos investimentos?
Meu caro João,
Prometi que comentaria o seu texto, e o faço agora. Ele conta com toda a minha simpatia e concordância, mas não com a minha convicção. Na linha de outros comentaristas de peso, como Helga e os dois Fernandos, situo a questão no ponto levantado pelo nosso consultor internacional: falta combinar com os russos, como disse uma vez Garrincha.
Se o impeachment não for aprovado, o chamamento dos vencedores à conciliação será mero jogo de cena. A história dos que estão hoje no poder, e a maneira como o utilizaram, não nos autoriza qualquer esperança.
Mas se, como tudo indica, o impeachment passar, o apelo à coalizão de forças não sensibilizará os derrotados, como Partido, podendo tocar apenas alguns dos seus quadros, individualmente. Teremos pela frente a mesma Oposição cega e furiosa, que se negou a firmar a Constituição de 1988, combateu o Plano Real, os exames de avaliação do Ensino Médio e das Universidades, a Lei de Responsabilidade Fiscal, o programa Bolsa Escola, em seus primórdios tachado de “Bolsa Esmola”, tudo, enfim, de correto e de moderno que o governo FHC concebeu e imlantou em nosso país.
Se alguma dúvida restar sobre essa atitude, mesmo desconsiderando as ameaças de incendiar o país, de fazer correr sangue, e outras de lideranças “sindicais”, basta conferir o recente artigo de um dos teóricos da Situação, Vladimir Safatle, nada menos que professor de filosofia, no jornal Folha de São Paulo: “O Governo Temer não Existirá”. Nele, o seu autor, numa lógica tortuosa, que toma os fatos pelo seu avesso, prega a insubmissão aos novos governantes e a “luta sem trégua” para a queda do novo Governo.
É isso aí, amigo João. Não diria que você está lançando pérolas aos porcos, a expressão bíblica é muito forte e muito abrangente. Mas a sua nobre exortação tende a cair no vazio. Vale, contudo, a generosa intenção, e a verdade que encerra.
João, camarada,
Alguns cometários ao seu texto e os limites para o reencontro da Nação consigo mesmo.
Curioso ver que nos comentários que seguem vários identificarem no PT o obstáculo a um entendimento nacional. Ninguém, sequer de longe menciona o fato de, caso o Golpe seja confirmado, estará sendo liderado por Eduardo Cunha, réu em processo que tramita no STF, por crime de corrupção; Michel Temer – o conspirador sem voto – que já apresentou o programa do seu Partido, uma Ponte para o Futuro, onde ficam claros os objetivos: cortar direitos trabalhistas, reduzir conquistas sociais, entregar o Pré-Sal e acabar com a lei de Partilha, Privatizar a Petrobrás, entre outros.
Ademais, a maioria que sairia vitoriosa rasgando a Constituição Federal, seria a maioria investigada na lava a jato e outros crimes.
Esse comportamento do Legislativo Brasileiro está envergonhando o país junto a comunidade internacional, como recém publicou o NYT http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/226141/New-York-Times-Honesta-Dilma-pode-ser-afastada-por-criminosos.htm
Também não vi alguma reflexão sobro o papel da grande mídia que insuflou o ódio entre os brasileiros, buscando fazer dessa onda o meio para desestabilizar o governo e assim atingir seus objetivos políticos de reconquistar o Estado e suas benesses. E esse ódio nada tem a ver como o PT, conforme mostraram as recentes vaias dirigidas a líderes tucanos e democratas, na passeata de 13/03. Outro episódio que chamou a atenção: a negativa de médica pediatra de atender a criança porque a mãe é petista, apoiada inclusive, pelo presidente do CRM, fora do contexto da disputa política.
Da forma como foi conduzida essa disputa, por parte dos que perderam a eleição em 2014, enfrentaremos muitas turbulências ainda. Mas a possibilidade de acordo terá alguma chande se o GOLPE for barrado no Parlamento. E para isso estamos lutando até o último minuto.
Se o Golpe for vitorioso, as previsões são muito sombrias. Difícil imaginar conciliação com quem chegou ao poder sem legitimidade e sem voto, afrontando a Constituição, e ainda propõe um programa anti-povo e anti-Brasil e está apoiado numa maioria envolvida em graves denúncias de corrupção.
Respeito que tem críticas ao Governo, por suas politicas. Mas isso a Democracia é o melhor remédio. No voto, na pressão, a sociedade vai influenciando no curso da história.
Fora da democracia, não teremos conciliação com Golpistas.
Vai ter luta.
Muito bem escrito João, parabéns!
Concordo que a conciliação seja realmente um alvo a acertar! Porém, discordo de não termos o direito de comemorar, no meu caso, com as minhas idéias, sou contra o impeachment, embora eu não seja PT. Não acho justo tirar um presidente do poder onde teve votos legítimos, e nunca foi provado o envolvimento dela em um crime de corrupção. Isso vai de contra ao estado de direito, vai de contra a nossa democracia. Ah e as pedaladas fiscais? Não é crime , infelizmente, mas não é… Se fosse, gostaria de ter não só a Dilma presa, como o FHC, Paulo Câmera e outros, pois cometeram o mesmo ato. Não concordo como está sendo conduzido o processo do impeachment, onde políticos que tem os seus nomes vinculados na Lava-jato estão votando, sem falar sobre o comando de um politico que é réu da própria Lava-jato … que insanidade é essa??? Não concordo em ter o Temer nem o Cunha no poder, por tudo isso sou contra ao impeachment. Sou a favor de uma reforma política, e assim que feita, conduzir de forma democrática o que nela for decidido. E ainda digo mais, não somos prisioneiros das nossas idéias, temos pontos de vistas diferentes, não estou em “time” algum, sou apenas a favor da democracia e da justiça (ao pé da letra). Ou seja, caso não tenha o impeachment eu vou comemorar a vitória da democracia!!!
Clemente, Helga e Fernandos:
O fato de a peça de João Rego (com o que comungo – pela necessidade de algum pacto que haverá de ser estabelecido) vir sendo tão comentada revela o quão oportuno é o chamamento para um diálogo. Sem isso, não haverá saída – para ficarmos no óbvio.
Acho que todos concordamos que – salvo por um milagre absolutamente fora da própria ilógica dos milagres – um (des)governo Dilma estendido com agonia até 2018 nunca seria capaz de gerar algum fruto que viesse a se poder chamar de pacto. Portanto, sobre o que vale especular é a presidência Temer, a única alternativa constitucional do presente momento. O que podemos temer a respeito de Temer presidente por algum tempo? Neutralização da Lava-Jato só se formos todos para casa e esquecermos as ruas. E se o MP e a PF se tornarem instâncias anuladas. E se o Supremo for absolutamente decepcionante. Vejo tais eventos como pouco prováveis, depois do que já se avançou.
O cenário que vislumbro é o de acerto de contas com atores como Romero Jucá, Renan Calheiros, Eduardo Cunha, e Lula – os dois últimos sendo os primeiros da lista. (Não esquecer de Aécio, alguém que no mínimo vai ter que se explicar, e muito bem). Temer, se o quiser, terá força para articular a rendição institucional que levasse a algo diferente disso? Pouco provável.
Portanto, há que se discutir o que vai ser feito com a economia, com a política e com o Estado no Brasil. Lembrem-se de que – desde a crise do início dos anos 1980 – o país busca um papel adequado para o Estado, depois de este ter sido o principal protagonista da economia industrial que foi montada em 30 anos.
Vamos precisar de diálogo, arte e sorte para engendrar um novo modelo. Sorte parece ser uma palavra mágica na experiência brasileira. Afinal, quem dava um tostão de mel coado por Itamar? Mas foi no governo dele que se gestou a saída política que levou ao Real, depois de década e meia de vais e vens de políticas macroeconômicas. Foi um acordo articulado sem compra de votos de parlamentares, como relatado por Pedro Simon, em entrevista a Fernando Gabeira – na Globo News. Hoje se sabe da importância de termos pegado a estrada do Real.
Vamos novamente precisar de arte e sorte, agora em contexto de escassez de lideranças, para gerar o que eu – entre muitos, certamente – espero seja o germe de um novo modelo para o país. Torço para que não precisemos de outra década e meia para gestar um salto qualitativo como foi o da entrada na economia do Real, quando inclusive foi possível a materialização de frutos de sementes plantadas na Constituição de 1988, senhora ambiciosa e algo exagerada, mas que significou avanço neste país da jaboticaba.
Atenção, Fernandos: as principais lideranças do PT não estarão entre os russos que serão um dos lados do diálogo necessário. Depois da anulação de Lula – o que deverá incluir prisão -, o que deverá ser o PT? A corrosão institucional promovida pelo lulismo-petismo vitimou o próprio PT, e este partido vai ser reconstituído. Não sei se com o mesmo nome – deixo o vaticínio para outros.
Um Governo Temer precisará contar inclusive com diálogo que inclua gente do PT, como já sugerido por Jarbas. Uma parte dos russos promoverá esperneio, barulho e escaramuças no provável pós-impeachment. Mas a fonte financeira de tal ativismo vai ser bastante por quanto tempo depois? Outros russos serão os interlocutores. E aí caberão as contribuições de propostas que germinam a partir de iniciativas como a de João Rego. Congratulo-o, João.
Tarcisio
Pacto com uma gang de fascistas, estupradores, torturadores, assassinos, usurpadores dos bens da nação ??? Me desculpe, mas pacto com adeptos de um deus que mata, seja com armas químicas (agrotóxicos) ou armadilhas e emboscadas covardes aos campesinos, índios, negros, LGBT, trabalhadores, sindicalistas. Não !!!! Não queremos pacto com esse deus maligno que esses políticos nojentos representam, pacto para livrar esses miasmas do mal travestidos com aquela mini faixa ridícula verde-amarela se auto empossando no poder, como se já soubessem se é que já não sabiam do resultado, tamanha a arrogância como se comportavam no entorno daquele microfone da votação. Que tristeza ter que aguentar esse comportamento de vendilhões no parlamento nacional.
Concordo e venho pensando nisto. Tenho para mim 2 princípios socialistas de que não abriria mão. Educação de qualidade para todos, iguaizinha para os que nasceram em berço de ouro ou na favela e saúde básica. O resto deixaremos ao talento inato ou a determinação de cada um. Meretocrácia e vigilância.