Dilma Rousseff foi afastada da presidência da República porque estava levando o Brasil ao desastre econômico. Para além dos crimes de responsabilidade, o julgamento do Congresso que a afastou foi político e reflete a desmoralização da presidente e, principalmente, o descontentamento da sociedade com a situação econômica e social, com a recessão econômica que gera desemprego, com a inflação que corroí o poder de compra e com o desequilíbrio fiscal que impede a implantação de projetos e a oferta dos serviços públicos. Da mesma forma que derrubou Dilma, a economia é o que importa agora no governo (mesmo transitório) de Michel Temer. Simplificando, podemos dizer que o Brasil precisa agora de um contador, alguém que saiba fazer contas, distinguir receita e despesa, para reequilibrar as contas, recuperando a capacidade de gasto e de investimento público. O Brasil precisa de um governo com racionalidade e realismo fiscal que tente tirar a economia brasileira do buraco, que assuma a condução da política econômica. Sem isso, não adianta discutir políticas públicas porque simplesmente o Estado brasileiro está falido, não tem dinheiro para nada, sem o que nenhuma política tem viabilidade. As grandes definições de políticas e estratégias de desenvolvimento ficam para 2018. Agora, trata-se de reorganizar a economia, sem o que chegaremos às eleições gerais destroçados. Mas não existe milagre na economia e por mais que o governo Temer acerte, a recuperação será lenta e difícil. Existem, contudo, dois fatores que podem ajudar no reequilíbrio da economia: as pressões inflacionárias decorrentes das tarifas represadas já foram praticamente absorvidas pela economia, o que permitirá redução das taxas de juros; e a enorme ociosidade das atividades produtivas, resultante da recessão, facilita uma recuperação da produção (e do emprego) se os juros caírem e se for recuperada a confiança da sociedade. Este é um ano decisivo na história política do Brasil. E o fundamental agora é a economia.
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Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
Muito bom o editorial. eu sempre brincava com os amigos dizendo o Mantega não sabia fazer conta ou que Dilma tinha inoculado no governo o vírus da irresponsabilidade. A situação chegou a um ponto que agora Temer precisa apenas que seja restaurada a ordem na economia para que o país volte a respirar. Isso quer dizer, sai da UTI.. Bom, depois é outra coisa…….
Sérgio Buarque, um abração!
Desculpe se estou invadindo, inapropriadamente, um espaço indevido, mas não encontrei outro para enviar esta mensagem.
Em Tendências/Debates da Seção Opinião da Folha de São Paulo há espaço para você publicar seu artigo A Incrível Fábrica de Mitos. O artigo está bem fundamentado e não me sinto em condições de entrar nas questões de mérito. Não me sai da cabeça, Será?
Mandei o artigo para várias pessoas com as quais mantenho comunicação mas não recebi comentários significativos. Talvez porque estejam na mesma condição minha. Perdi os contatos com Emir Sader e Tania Bacelar. Acho importante tentar uma divulgação maior de seu substancioso artigo.