O futuro da humanidade parece pendente dos delírios de dois “idiotas arrogantes” – Donald Trump e Kim Jong Un – com muito poder militar e suficiente irresponsabilidade para detonar uma guerra atômica. Esta é a opinião do insuspeito Steve Bannon, ultradireitista e, até esta semana, principal estrategista de Trump. O mundo está vivendo um delicado “equilíbrio do terror” numa repetição grotesca do conflito nuclear das duas grandes potências – Estados Unidos e União Soviética – que assustou o mundo por quase 50 anos. Neste instável “equilíbrio do terror”, o ditador da Coreia do Norte, país totalmente isolado no mundo, apresenta uma nítida vantagem, na medida em que mantém como reféns os 51 milhões de habitantes da Coreia do Sul e 127 milhões de habitantes do Japão, nações integradas à economia mundial e aliadas destacadas dos Estados Unidos e da Europa. Depois que a Coreia do Norte lançou, esta semana, um míssil balístico de longo alcance que sobrevoou o Japão, agravou-se a escalada armamentista e o risco de um grande confronto na Ásia, de desastrosas proporções e imponderáveis desdobramentos. Como se fosse pouca provocação, a Coreia do Norte ainda advertiu o Japão do risco de “autodestruição iminente”, por conta da aliança deste país com os Estados Unidos. O idiota arrogante Donald Trump tem reagido com fúria e ameaças, mas parece imobilizado, porque uma agressão militar contra a Coreia do Norte provocaria uma devastação dos seus aliados na Ásia. “Eles nos pegaram”. Foi assim que Steve Bannon analisou a situação, advertindo que um ataque norte-americano à Coreia do Norte, mesmo com armamentos convencionais, provocaria a morte de 10 milhões de pessoas em Seul em apenas 30 minutos. Mesmo sendo um idiota delirante, é pouco provável que Kim Jong Un queira uma guerra, e acredite que possa sair vitorioso, mais ainda se forem utilizadas armas nucleares. A chantagem nuclear é, contudo, uma jogada competente, porque o seu “grande inimigo” – Estados Unidos – não pode correr o risco de uma aventura. Certo, Trump não é menos irresponsável e imprevisível que Kim Jong Un, mas sofre pressões de todos os lados, depende do Congresso e da opinião pública norte-americana, e não pode ignorar a fragilidade dos seus aliados.
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De fato são “dois idiotas arrogantes” e loucos!!!!
Kim Jong Un não tem como recuar no curto prazo porque isso significaria seu fim. Para agravar, Trump é de longe o mais despreparado líder para enfrentar o “Grande Sucessor” que, de resto, já representa um desafio até para dirigentes experientes. O fiel da balança deverá ser a China, mas para tanto ela precisa rearrumar a visão geopolítica que tem do Extremo Oriente. Não é uma situação fácil. Seul fica a poucos quilômetros da fronteira. Sob a cidade, temos outra já que os subterrâneos são inúmeros. Já se sabe hoje que houve avanços substantivos na tecnologia nuclear. Até 2020 eles podem fazer praticamente tudo, inclusive atingir os Estados Unidos. O jovem ditador tem um paradigma que o orienta: Kadafi e Sadam Hussein só caíram por não ter armas de dissuasão. E a Ucrânia não estaria cindida se tivesse mantido seu estoque de ogivas. É muito difícil imaginar que o gordinho vá morrer dormindo. Em tempo: o padrão de vida no país melhorou muito. E isso cacifa o líder. De qualquer sorte, é um caso curiosíssimo de delírio coletivo.
Prefiro o conselho de Abraham Lowenthal, atualmente professor visitante no Instituto de Relações Internacionais da USP (Estadão 28/08/17). Diz que o público está hipnotizado (“mesmerized“ é o termo que usa) por características de personalidade de Trump. Depois de examinar as mudanças de posição e contradições dos últimos oito meses nota que “no campo da política externa, o latido de Trump vem sendo mais forte que a mordida”, e recomenda: “Nesse contexto desconcertante, a melhor atitude a tomar por todos os que estão assustados com os perigos que a atual Casa Branca representa é reduzir o fascínio pela personalidade de Trump e, em vez disso, concentrar-se estrategicamente em identificar e responder a tendências, ameaças e objetivos ocultos. Isso é necessário para administrar os perigos, reduzi-los e avançar – apesar de Trump – rumo a objetivos comuns, levando-se em conta tendências fundamentais. Pode não ser uma abordagem tão satisfatória quanto condenar Trump e os que o apoiam, mas condenações grandiloquentes não mudam mentes nem desfazem decisões.”