No quadro pol?tico que estamos vivendo neste ano de 2018, estou mais perdido do que cego em tiroteio, como diz o povo do Crato. Tanto no pa?s, como nos Estados, o quadro ?, no m?nimo, esquizofr?nico. Tudo est? cada dia mais confuso. As refer?ncias pol?tico-partid?rias se desbotaram na falta de defini??es de quem defende o qu?, seja pela falta ou pela embrulhada de orienta??es program?ticas, seja pela falta de articula??o coerente entre tradicionais aliados.
Mas a coisa n?o para a?. Nos dias de hoje, est?o confusas as bases de refer?ncias coletivas que sempre balizaram minha maneira de pensar e minha vida pol?tica. Sinto falta daqueles grupos com os quais procurei contribuir durante anos para o desenvolvimento de uma sociedade democr?tica e justa. Os grupos de troca de ideias pela internet, cada dia mais numerosos, se limitam a informa??es e opini?es pessoais. Faltam chances objetivas de se construir, minimamente, uma a??o pol?tica consequente. Ai, que saudade da milit?ncia dos anos sessenta e setenta! T?nhamos sempre projetos concretos em andamento. Todos trabalh?vamos para sustentar a fam?lia, mas n?o par?vamos de fazer pol?tica. Organiza??o comunit?ria nos bairros, eventos de debate pol?tico sobre a resist?ncia democr?tica, apoio ?s campanhas dos candidatos identificados com nosso pensamento, apoio a colegas perseguidos pela pol?cia … sempre se tinha algo em andamento, todos comprometidos.
Refor?a ainda mais essa ang?stia o fato de a Constitui??o que ajudamos a construir em d?cadas de lutas contra a ditadura estar cada dia mais fr?gil, mais subordinada ?s oligarquias de poder, ? direita e ? esquerda. ? bom lembrar que, partidos que hoje se configuram ? esquerda, n?o votaram pela aprova??o dessa Constitui??o.
Ao longo dos ?ltimos anos, as refer?ncias ideol?gicas da pol?tica perderam o foco filos?fico e ?tico para se prostituir como marketing eleitoral: como balizas de divis?o das pessoas em lados opostos. Tudo urdido para enganar as massas de eleitores iletrados ou ainda congra?ar intelectuais que terminam embarcando em projetos de coaliz?es de poder, onde se misturam alhos e bugalhos, sempre com o objetivo final do controle das institui??es, sob o argumento de que ?o voto do povo ? soberano?. Votos cada dia mais tutelados pelo controle de filia??es submetidas por depend?ncias esquizoides aos l?deres populistas.
Assumido o poder pelo voto, as malfadadas orienta??es program?ticas declaradas nas campanhas eleitorais s?o jogadas de lado, em nome de projetos de poder, onde todos t?m sua parte. Um rateio de cargos e dota??es or?ament?rias, fun??o da for?a de cada segmento nas coliga??es eleitorais e p?s-eleitorais. O projeto de na??o que se exploda.
O mais grave de tudo isto ? que estamos deixando para as gera??es futuras um desastre cada dia maior. O populismo dos governos, em busca de reconhecimento e legitimidade dos projetos de poder olig?rquicos, sempre tem consequ?ncias grav?ssimas, pelo comprometimento do equil?brio fiscal do Estado, com efeitos para o futuro. Depois de conquistar a estabilidade econ?mica nos anos 90, as pol?ticas populistas e a corrup??o comprometeram a capacidade financeira da Uni?o e dos Estados, alguns j? em situa??o de fal?ncia, sem recursos para garantir minimamente os compromissos com a sa?de, a educa??o, a seguran?a, …. H?, at? mesmo, Estados que j? n?o conseguem pagar aos funcion?rios e aposentados. Um caos que se agrava cada dia mais, sem perspectivas de revers?o.
? verdade que isso n?o ? novidade no mundo moderno. At? mesmo alguns pa?ses europeus, com Gr?cia, Portugal e Espanha, viram-se em situa??o desesperadora e lutam h? d?cadas por uma recupera??o econ?mica. S? muito recentemente, depois de muito sacrif?cio e controle social, come?am a sair do buraco. N?s conseguiremos?
Eis porque uma grande parte de pessoas como eu, que constru?mos uma vida pol?tica de d?cadas, baseada na ?tica e na Democracia, estamos perdidos, sem saber em quem votar, com raras exce??es, nas elei??es proporcionais. Eu mesmo tenho desenvolvido uma ideia rid?cula de votar no ?menos pior?, s? para n?o me sentir envergonhado pelo voto nulo. Seria poss?vel imaginar que algum dos atuais candidatos ? presid?ncia da Rep?blica daria uma chance a mudan?as comprometidas com a recupera??o do pa?s? Pouco prov?vel. Tampouco a prevista recondu??o dos atuais congressistas far? mudan?as significativas para o bem do Pa?s.
E agora, o que nos resta fazer? Ficar parados, esperando o desastre? Seria poss?vel pensar em resgatar a milit?ncia que j? tivemos, com perspectiva de mudar e reconstruir a nossa Rep?blica, avacalhada pela pol?tica perversa a que me referi acima?
N?o, n?o d? pra ficar parado. O que, de fato, nos resta agora, claramente, ? tentar refor?ar os movimentos da sociedade civil, na busca de refer?ncias mais s?rias para ajudar na an?lise dial?tica do quadro cr?tico da situa??o social e econ?mica do pa?s e de suas contradi??es. ? trabalhar com coragem para a mobiliza??o dos segmentos sociais mais esclarecidos, em defesa de pol?ticas p?blicas mais prementes, como Educa??o, Sa?de e Seguran?a P?blica. Uma mobiliza??o que v? al?m de discuss?es ret?ricas e que possa envolver cada dia mais pessoas, exigindo e at? participando da execu??o de projetos concretos, al?m das palavras. Agora mesmo, o nosso Movimento ?tica e Democracia come?a a se envolver com outros movimentos, a n?vel nacional, na discuss?o e formula??o de um projeto nacional para mudar a educa??o no pa?s. Vamos juntos!
Muito bem Aécio, você sempre coerente e inspirador. Vamos em frente que essa realidade virtual e essa discussão improdutiva entre medos e desejos, não está nos levando a lugar nenhum.
Sempre fomos e continuamos comprometidos com a ação eficaz. Um projeto inovador em políticas públicas para a educação será muito bem vindo.
Mais à obra.
Tudo de bom!!
Aecio militante
Aecio pertinente
Apos o medievo
Veio a Renascença.
Depois das trevas
A luz.
Sigamos.
A sua filosofia poética fascina e convence. Venceremos!
Parabéns Aecio! Excelente texto que retrata bem nossa realidade! E nos inspira a continuar!