Dois ministros do futuro governo Jair Bolsonaro parecem reviver, em pleno século XXI, a saga dos templários, organização religiosa-militar que, na Idade Média, lutava na defesa do cristianismo contra a ameaça dos muçulmanos. O Ministro das Relações Exteriores, diplomata Ernesto Araújo, invoca Cristo na formulação da sua política e, simplesmente, duvida dos avanços da ciência, pelo menos quando se trata de mudanças climáticas. Para este tardio templário, o inimigo neste século é o “marxismo cultural globalista”, seja lá o que signifique, sem esquecer o “islamismo radical” que ameaça o ocidente. Em artigo publicado no blog Metapolítica, o futuro ministro defende a “fé em Cristo” na luta contra o “sistema anti-humano e cristãodo globalismo, cujo objetivo último é romper a conexão entre Deus e o homem, tornado o homem escravo e Deus irrelevante. O projeto metapolítico significa, essencialmente, abrir-se para a presença de Deus na política e na história”. Segundo ele, só Cristo e Donald Trump poderiam salvar a civilização cristã ocidental. Será que ele está falando do mundo completamente integrado, e do Brasil e do Estado brasileiro laico, em pleno século XXI? O templárío Araújo estará acompanhado, na Esplanada dos Ministérios, pelo futuro Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, que tem como principal bandeira o enfrentamento de uma suposta doutrinação da ideologia marxista, “destinada”, segundo ele, “a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em soma, do patriotismo”. A baixa qualidade do ensino e a enorme deficiência de aprendizagem das crianças e jovens brasileiros não parece ser a prioridade do ministério de fundamental relevância para o futuro do Brasil, e para a formação das futuras gerações. Até agora, o ministério de Bolsonaro até que mostrou algumas surpresas positivas, incluindo uma certa orientação técnica para algumas pastas, escapando, não se sabe até quando, do pesado jogo fisiológico. Mas são estes dois novos templários, em pastas de enorme importância para o Brasil, que têm completa afinidade ideológica com o presidente eleito. O que é, no mínimo, preocupante.
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No alvo.
Extraordinária a ilustração do editorial. A grande dupla do cinema talvez não merecesse comparação tão desairosa com os tais templários locais. Mas por certo que os leitores sim, já que respiram os ares do texto antes mesmo de lê-lo.