Editorial

O sistema penitenciário brasileiro é um símbolo da barbárie, em pleno século XXI, e em um país que se orgulha da “Constituição Cidadã”. O massacre desta semana nos presídios de Manaus, com 55 pessoas assassinadas, não foi o primeiro e, provavelmente, não será o último, na medida em que não estão sendo tomadas providências radicais de mudança da política prisional e do modelo carcerário do Brasil. Há pouco mais de dois anos, no meio de uma guerra semelhante de facções criminosas, mais de cem presidiários foram mortos em presídios de Manaus, de Roraima e do Rio Grande do Norte. Os presídios brasileiros são espaços desumanos, com excesso de população, com diferentes graus de periculosidade e gravidade penal, vivendo em condições sanitárias precárias, o que estimula a violência e a propagação de doenças. Esse barril de pólvora social está totalmente controlado pelas facções criminosas, que mandam e desmandam, disputam poder, recrutam e treinam os jovens prisioneiros para o crime organizado. As autoridades estão imobilizadas e a sociedade parece anestesiada, como se aceitasse que os criminosos não são criaturas humanas, e devem mesmo ser jogados nas marmorras, para o esquecimento público. Como um depósito de pessoas, as prisões brasileiras são o “locus” da articulação e organização do crime, e uma escola de formação intensiva de criminosos. Está tudo errado,  e o sistema ainda é extremamente caro e totalmente ineficaz na reeducação e ressocialização dos prisioneiros. De acordo com a ministra do STF – Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, um preso no Brasil custa R$ 2,4 mil por mês (em 2016), mais do que é gasto por ano com um estudante do ensino médio. Este lixo degradante que constitui, hoje, o quartel general do crime organizado, que destrói vidas e aumenta o contingente de criminosos, custa ao Estado brasileiro mais de R$ 20 bilhões por ano, fortuna que corre pelo ralo da corrupção, do desperdício, da ineficiência e da depredação das edificações e equipamentos.