Editorial

Painel no Estreito, Florianópolis. Street Art ( Autor desconhecido)

Parcela significativa do governo Jair Bolsonaro padece de um grave retardamento mental, o que representa bem a infantilidade e a arrogância do presidente da República, a julgar pelo festival de asneiras e desatinos que se acumulam em menos de um ano de governo. Não bastassem as idiotices do próprio Presidente, muitas vezes perigosas e desrespeitosas, alguns ministros ganharam destaque por declarações insanas na imprensa, que agridem o bom senso e os ouvidos sensíveis dos brasileiros. Até Paulo Guedes, um dos poucos minisitros deste governo que preza a racionalidade, escorregou feio ao levantar a possibilidade intolerável de um novo Ato Institucional nº 5, no caso de uma convulsão social no país. O ano de 2019 ainda não terminou, mas cada nomeação do segundo escalão parece aumentar o tom dos desmantelos verbais e o nível da imbecilidade e da paranoia coletiva. Nos últimos dias, o governo intensificou a ofensiva na chamada “guerra cultural” contra o marxismo, como defende o guru Olavo de Carvalho. O Secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, andou convocando os profissionais conservadores do Brasil para “criar uma máquina de guerra cultural”. Não são, portanto, surpreendentes, apesar de chocantes, as opiniões de alguns dos dirigentes de órgãos subordinados ao Alvim. O novo presidente da Fundação Palmares, responsável pela promoção e preservação das manifestações e valores culturais dos brasileiros negros, Sérgio de Camargo, afirma que a “escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes”, e que “os negros do Brasil vivem melhor que os negros da África”, e defende a simples extinção do movimento negro.  O presidente da Funarte, responsável pelo incentivo às artes, maestro Dante Mantovani, acredita que a terra é plana e responsabiliza o rock´n roll pela “indústria do aborto” e do satanismo, uma infiltração soviética na indústria fonográfica dos Estados Unidos, para destruir o capitalismo. As opiniões anacrônicas e desvairadas dos dirigentes bolsonaristas seriam risíveis e desprezíveis, se não fossem perigosas demonstrações da implantação de um tardio e tropical “Macartismo”, que ameaça a cultura e a democracia brasileiras.