Editorial

Durante várias décadas, o quarteto formado por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias provocou risadas e deu alegria às crianças e aos adolescentes brasileiros, com suas trapalhadas cômicas na televisão e no cinema. “Os Trapalhões na Serra Pelada”, filme de 1982, teve quase cinco milhões de expectadores, uma das maiores bilheterias da época. O famoso grupo humorístico parece estar revivendo agora, desta vez na Esplanada dos Ministérios, com uma sucessão interminável e chocante de falas grotescas e histriônicas do Presidente da República e vários dos seus ministros. Ao contrário, contudo, do riso e da alegria dos Trapalhões originais, os boquirrotos do governo provocam desprezo e indignação. As bobagens e grosserias de Bolsonaro já são esperadas, cada vez que ele aparece no portão da residência oficial, como ontem, chamando o Green Peace de “porcaria” e “lixo”, numa deselegância inadmissível para um chefe de Estado, tratando-se de uma respeitável institução mundial de defesa do meio ambiente. Volta e meia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, procura ocupar uma posição no seleto grupo dos Trapalhões da Esplanada, com suas próprias leviandades e declarações infelizes. Depois de receber críticas de todos os lados à sua agressão aos servidores públicos, o ministro destilou o seu preconceito social, com uma referência depreciativa às empregadas domésticas.  Paulo Guedes faria um grande serviço ao Brasil se fosse lacônico, engolisse os seus preconceitos, e se concentrasse na formulação da política macroeconômica do país e nas negociações das reformas estruturais. Já basta o quinteto trapalhão da Esplanada, formado pelo presidente e seus ministros de Relações Exteriores, Educação, Meio Ambiente, e sua ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. Cala a boca, Guedes!