O presidente Jair Bolsonaro foi contaminado por um vírus ardiloso e seletivo que inocula uma carga elevada de estupidez na vítima, escolhida pela sua capacidade de destruição de valores civilizatórios, provocação de cizânia e ataques às instituições democráticas. O vírus não mata a vítima porque precisa dela para a divulgação de desatinos, propagação de agressões e produção de mentiras. O vírus da estupidez potencializa a insensatez patológica da vítima e aproveita o seu poder de chefe de Estado de uma grande nação para fazer um estrago político e institucional, num país já cheio de problemas econômicos, fiscais e sociais.

Nesta semana, o presidente teve uma crise aguda de estupidez. Começou dizendo que o Brasil “tem que deixar de ser um país de maricas” referindo-se aos cuidados dos brasileiros com esta pandemia que já matou mais de 168 mil pessoas. Numa ausência total de empatia, ele comemorou a morte de um voluntário no teste clínico da vacina CoronaVac, produzida pela China e coordenada pelo Instituto Butantã. Quando a ANVISA, precipitadamente (para dizer o mínimo), mandou suspender a pesquisa da vacina, Bolsonaro empunhou sua metralhadora destrutiva do twitter, anunciando uma vitória sobre Dória. Vitória? O presidente da República comemora a morte de um brasileiro e se alegra com um atraso na produção de uma vacina que pode salvar muitas vidas. Cada dia de atraso da produção da vacina representa a morte de, aproximadamente, 400 brasileiros (mantida a atual média móvel). E o presidente se vangloria e aplaude.

Não bastassem essas manifestações de crueldade, nesta semana, o presidente Bolsonaro confirmou sua fidelidade canina a Trump, resistindo, quase sozinho no planeta, a reconhecer a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Mas, como sabe que Biden está eleito e não vai refrescar com o desrespeito ambiental do seu governo, Bolsonaro soltou a ridícula bravata de que pode recorrer à pólvora se a saliva da diplomacia acabar. Só falta ele mandar invadir os Estados Unidos para manter “seu amigo” Trump no poder. Caso para interdição psiquiátrica.