Acuada pelo descontrole e pelas manobras da base aliada, fragilizada pelas pesquisas de opinião e desorientada na condução política do Brasil, a Presidente Dilma Rousseff parece ter jogado a toalha. Nesta quarta feira entregou as atribuições e a responsabilidade pela articulação política do governo a Michel Temer, vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB. Ao que se noticia, seguindo recomendações e pressões do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Com esta decisão extrema, substituindo o petista Pepe Vargas pelo peemedebista Michel Temer da condução política do governo, a presidente entrega de bandeja ao PMDB o poder governamental de fazer política, negociar e conduzir os acordos no Congresso. Segundo declarações do novo articulador político, a presidente concedeu “autonomia e liberdade para indicação de cargos no segundo e terceiro escalão”, vale dizer, autoridade para comprar a adesão e os votos dos parlamentares. Esta atribuição de Michel Temer completa o triunvirato peemedebista que define agora a política no Brasil: a presidência da Câmara de Deputados, do Senado e a articulação política entre o Congresso e o Executivo. O gesto quase desesperado da presidente permite, no entanto, que se recupere alguma margem de governabilidade do seu governo, mesmo que ao preço de dividir parcela significativa do poder com o PMDB, um aliado tão pouco confiável e carente de unidade e identidade. Nas condições políticas e econômicas atuais do Brasil e considerando a incompetência e inapetência política da presidente, talvez tenha sido esta sua última cartada para conter a descida ladeira abaixo da sua capacidade de governar o país.