Comentando a palhaçada criminosa de Jair Bolsonaro no Sete de Setembro, desqualificando e desmoralizando as comemorações do bicentenário da independência, o sóbrio e sereno jornal Estado de São Paulo declarou: “Jair Bolsonaro simplesmente provoca asco”. Bolsonaro sequestrou a festa da nação e transformou o evento num palanque eleitoral, violando a legislação eleitoral, atropelando e desprezando todas as regras de civilidade, todos os princípios republicanos a, até mesmo, as mais simples normas de etiquetas. Depois de duzentos anos de independência, com uma história cheia de lutas, dificuldades, sofrimentos e mudanças, que convergiram para a consolidação da democracia, é lamentável que o Brasil seja presidido, precisamente neste momento, por um presidente que não tem a menor decência, o menor respeito pela história e pela democracia. Nos seus pronunciamentos, em nenhum momento ele fez referência ao bicentenário da independência, à história e às conquistas do povo brasileiro nestes 200 anos. E não o fez porque não tem a menor noção do que seja a nação e porque despreza as conquistas sociais e democráticas. Além das vulgaridades sobre a sua pretensa virilidade, Bolsonaro preferiu repetir as suas ameaças às instituições democráticas.
O Senado, felizmente, salvou o Brasil da mediocridade e da vulgaridade do presidente da República, realizando na quinta feira um evento solene à altura da importância histórica, um evento de alto nível com os presidentes das duas casas do Congresso e do Judiciário e com a presença ilustre do presidente de Portugal que, no dia anterior, sofreu o constrangimento de dividir o palanque com Luciano Hang, o palhaço do presidente, e ainda ouvir os disparates e as boçalidades de Bolsonaro. Os presidentes do Legislativo e do Judiciário, que evitaram participar da montagem criminosa de Bolsonaro, discursaram na cerimônia do Congresso Nacional prestando uma justa e brilhante homenagem à história do Brasil. Bolsonaro, claro, não participou, não pode participar de nada sério e civilizado neste país. A história vai reservar um lugar especial para ele: o lixo.
Louvemos também a ilustração deste texto. E dos demais.
“Asco” é o termo correto: não era esse o Presidente preocupado com que crianças aprendessem “coisa feia”? Na chanchada com que ele comemorou nosso “bicentenário de independência”, o que importa na história de amor da princesa é o desempenho sexual de seu esposo. Como a história pátria ficou de fora, a chanchada só podia continuar na pergunta: “ereções são auditáveis?” Piadas à parte, nada menos que o “The Economist” de 08/09/2022 chama a atenção em editorial para a ameaça de Bolsonaro à democracia, cujo último parágrafo traduzo:“O melhor resultado seria o Sr. Bolsonaro perder por margem tão grande que não seja plausível ele pretender ter ganho, seja no 1º turno em 2 de outubro, seja (mais provavelmente) num 2º turno em 30 de outubro. Serão algumas semanas tensas, perigosas. Outros países deveriam publicamente apoiar a democracia brasileira, e discretamente deixar claro para os militares brasileiros que qualquer coisa semelhante a um golpe tornaria o Brasil um pária. Os eleitores brasileiros deveriam resistir ao apelo de um populista vergonhoso. Eles e o país merecem melhor destino.”