American Girl in Italy, 1951 © 1952, 1980 Ruth Orkin / Courtesy of Stephen Bulger Gallery

American Girl in Italy, 1951 © 1952, 1980 Ruth Orkin / Courtesy of Stephen Bulger Gallery

Ontem foi o Dia Mundial do Pedestre. O Jornal do Comércio publicou cifras alarmantes: entre janeiro e maio deste ano, 1.427 pedestres se envolveram em acidentes em Pernambuco; em 2012, foram 3.902 casos e 326 mortes, segundo a Secretaria de Saúde. Esse problema não é exclusivo de nosso Estado, mas é um típico problema brasileiro. A imprensa noticiou há poucas semanas, com foto, o acidente da atriz Beatriz Segall em uma calçada carioca. Vivemos hoje em dia uma espécie de síntese de nosso período patriarcal, quando os donos do poder e suas extensas famílias viviam confinados primeiro nas Casas Grandes e depois nos Sobrados. Jogava-se até detritos do interior das casas nas ruas, por onde circulavam apenas os escravos e os homens livres na ordem escravocrata. O crescimento de uma classe média urbana, que veio ju nto com a democracia, “civilizou” o espaço público. Até certo ponto e por pouco tempo. O que assistimos atualmente é uma regressão a modos de vida privatistas, onde as classes médias e altas estão confinadas e amedrontadas nos prédios vigiados e nos carros trancados. As ruas ficaram, uma vez mais, espaço dos excluídos. O caminhar das classes privilegiadas (exclua-se Francisco Cunha e sua cruzada em prol da volta às ruas) se resume a um outro espaço quase privado dos calçadões e praças, devidamente vigiados.

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