Como se não bastassem os recorrentes discursos do presidente Lula da Silva contra Bolsonaro, reavivando a polarização política que contamina a sociedade brasileira, o TSE-Tribunal Superior Eleitoral jogou lenha na fogueira, com a discutível cassação do mandato do deputado Deltan Dallagnol. Discutível, pela interpretação algo excêntrica de que ele teria tentado escapar de uma hipotética abertura de processos disciplinares em fase preliminar de avaliação pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Além disso, parece também muito estranha a rapidez do processo de deliberação no plenário do TSE. Concluída a leitura do voto do relator, o presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes, perguntou se havia alguma discordância e, diante do silêncio dos sete juízes, declarou aprovada a cassação, por unanimidade.
Na atual polarização política do Brasil, o deputado Deltan Dallagnol e Sérgio Moro alinham-se com a extrema direita, mas são odiados por parlamentares de várias correntes políticas, e por muitos dos membros do Judiciário, mais pelos seus méritos no combate à corrupção do que pelos métodos supostamente inadequados utilizados nas investigações. A comemoração exultante da cassação por líderes do PT e por políticos conhecidos pela sua prática corrupta mostram a formação de uma estranha aliança contra os “lavajatistas”. Por outro lado, a publicação de ironias contra o deputado cassado na página oficial do governo e a declaração infeliz do Ministro da Justiça, regozijando-se pela decisão do TSE, demonstram o sentimento de vingança do PT e do presidente Lula. Comemorando no “twiter”, o Ministro Flávio Dino escreveu o seguinte texto bíblico, dedicado a Lula: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”.
Lamentável esta reação vingativa dos petistas, que serve apenas para acentuar a polarização e despertar uma indignação perigosa em parte da sociedade que simpatiza com a Lava-Jato. Com a decisão do TSE e a comemoração dos seus desafetos, Dallagnol perdeu o mandato, mas cresceu politicamente, projetou-se como o justiceiro, o missionário da moral pública, a vítima da vingança do PT. Ele deixa de ser mais um deputado medíocre, e cresce como líder de sua cruzada moralista, que desqualifica a política, fenômeno que quase sempre favorece a eleição de aventureiros políticos e autoritários, como Jair Bolsonaro.
A terceira lei de Newton afirma que a toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto. A força é resultado da interação entre os corpos, ou seja, um corpo produz a força e outro corpo recebe-a.
Ingressou mediante concurso público no Ministério Público Federal como procurador da República em 30 de janeiro 2003, quando entrou amparado por decisão judicial pois não havia completado dois anos de conclusão do curso de Direito.(UOL)
O Tribunal de Contas da União (TCU) condenou nesta terça-feira, 9, o ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol (Podemos-PR) a ressarcir, juntamente com o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e com o ex-procurador-chefe do Ministério Público no Paraná João Vicente Beraldo Romão, a quantia de R$ 2.831.808,17. Na decisão, gastos relativos a pagamento de diárias e passagens a integrantes da operação foram classificados como “ilegítimos e antieconômicos”.(Estadão)
A Corte entendeu que ele pediu exoneração do cargo de procurador da República para “driblar” os 15 processos que estavam em andamento no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Caso fosse condenado, ele poderia ser demitido — o que, segundo a Lei da Ficha Limpa, o tornaria inelegível.(globo.com)
Jessé Souza: ‘A classe média é uma espécie de capitão-do-mato da elite’
“A escravidão aqui era um sistema inteiro, tudo foi montado em torno dela. Essa teoria foi criada no Brasil e isso é decisivo. Quando se resgata a escravidão como questão principal, se resgata o elemento da humilhação e da distribuição da riqueza” Jesse de Souza
é preciso haver a participação da chamada classe média, a quem cabe o “trabalho sujo” de reproduzir os ideais da elite. “A classe média brasileira é uma espécie de ‘capitão-do-mato’ da elite.”
Confesso que não entendi o comentário do cavalheiro acima. Tampouco o de quem lhe fez coro.
Um pouco de conhecimento jurídico não lhes faria mal. Ao menos para fazê-los entender o absurdo que é a inversão do princípio da presunção de inocência, de tão universal aceitação. No caso tratado no editorial houve uma “presunção de culpabilidade”, seguido de uma punição cujas motivações são facilmente identificáveis. Cui prodest? (A quem beneficiou?). Os corruptos estão exultantes: Eduardo Paiva, Renan Calheiros…quem mais?
Com conhecimento jurídico, o Ministro da Justiça e ex-juiz falou: “Nunca fiz conluio com o MP nem tive sentença anulada”, diz Dino a Moro no Senado. Carta Capital.
Perfeita a sua reflexão!
Há que se perguntar: haveria número suficiente de eleitores, para colocar um presidente de centro, caso surgisse um nome ?