
General
Vizinho de militares durante muito tempo, sempre os achei, salvo uma ou outra exceção, acima do peso. Entre obesos e obuses, nem sempre a vida militar transcorre com uma equilibrada dieta. Pois bem, se o mundo civil já está em guerra contra a gordura, agora chegou a vez de os militares entrarem nessa justa batalha. O exemplo, capaz de evocar uma disciplina espartana, vem de cima, quero dizer, dos Estados Unidos.
Sim, os generais americanos estão gordos, e Trump não está pra brincadeira. Entre o gordo e o magro, o presidente fecha com o magro, e quem quiser engordar que o faça longe dos quartéis. Se os militares continuarem a engordar, ou melhor, se não perderem banha, “lá se vão [disse o presidente] suas patentes, lá se vão seus futuros”. Nada, portanto, de leite condensado, tão apreciado pela caserna brasileira durante o quadriênio Bolsonaro, quando o Ministério da Defesa gastou, em 2020, R$ 15,6 milhões com essa imbatível doçura (“Estadão”, 29.01.21). À época, a justificativa era a de que o produto levava energia à tropa.
Também, lá na América do Norte, nada de os militares botarem as barbas de molho, literalmente. Barbas estão vetadas, e, aos bigodudos, ordena-se que aparem seus pelos. Por sua vez, as costeletas devem ser altas, acima das orelhas. Quanto aos pelos pubianos (descerão a tanto?), não se sabe, mas se espera bom senso. Ao que parece, a guerra com alta tecnologia será substituída por batalhas em duras ravinas. Nada de moleza é a mensagem. O secretário de Guerra, Peter Hegseth, 45, de barriga tanquinho para dar exemplo, já assinou a nova norma no último dia 30. Enfim, de par com a circunferência da Terra, o foco americano passa a ser igualmente a circunferência da cintura.
Cá no Brasil, salvo civil engano, nunca houve muita preocupação com quilinhos a mais na vida castrense. Nossos militares em geral quase sempre foram homens de peso, com cinturas patriótica e redondamente elegantes. Consta que o brigadeiro, o doce, foi criado para arrecadar fundos para a campanha presidencial do Brigadeiro Eduardo Gomes, tido como bonito e charmoso. O Brigadeiro perdeu, vencido por Vargas, que não era charmoso nem magro! Com relação à ponta inferior da tropa, os recrutas, também não é diferente. Um estudo de 2012, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (A sigla é, vejam só, Abeso, não Obeso!), mostra que os recrutas chegam ao Exército cada vez mais gordos, vítimas de indigesta e pobre dieta, no que, de certa forma, acompanham infelizmente o grosso do povo brasileiro.
Trump, já se vê, dá mostras de ser um autêntico e elegante chefe militar, tanto é que avisou (é ou não é uma elegância?) aos suecos que quer o Nobel da Paz. Muitos gargalham, debocham. Eu, pessoalmente, concordo com ele. Que o Nobel da Paz vá para Trump pode nos garantir a todos, inclusive aos militares, algum tempo de paz… Ninguém esqueça (e muito menos a Academia Sueca!) que Alfred Nobel, que batiza o famoso prêmio, foi o criador da dinamite! Por mim Trump também levaria o Nobel de Literatura, desde que, para maior justiça, fosse dividido com a canadense Margaret Atwood.
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