Em 1940, Winston Churchill lutou só contra Hitler. Até 1943. Quando Roosevelt concluiu a campanha para a presidência. E pode enfrentar os eleitores. Que não queriam a participação norte americana na Segunda Guerra.
Foram três penosos anos. Nos quais o primeiro-ministro inglês neutralizou os membros de seu gabinete. Que desejavam acordo com os nazistas. E, ao mesmo tempo, encarava a tempestade de bombas que anuviavam o céu londrino.
Depois da adesão norte-americana, foi a vez dos russos. Atacados pelos tanques alemães, a Rússia juntou-se a Churchill. Formando o trio que venceu a guerra: Roosevelt, Stalin e Churchill.
Em 2022, Volodymyr Zelensky luta só contra Putin. Até quando? Verdade que é socorrido lateralmente por cotas de armamentos, dólares e euros. Os Estados Unidos e os países europeus poupam a hipótese de confronto direto com a Rússia. Para evitar o risco da Terceira Guerra.
A guerra da Ucrânia transformou-se numa carnificina. Atingindo civis. Mulheres e crianças. Até hoje, são setenta crianças mortas. E mais de 3 milhões de refugiados. Sem casa. Sem ocupação. Sem destino. Carregado pequenas malas de roupa. E enormes sacolas de resistente esperança.
Acabo de assistir o discurso de Zelensky ao Congresso dos Estados Unidos. Ele já havia se dirigido aos Parlamentos do Canadá e da Comunidade Europeia. Com a fala de hoje aos congressistas americanos, ganhou o selo de estadista. Porque juntou dois conceitos: coragem e equilíbrio. Difíceis de reunir em momento trágico como o que ele atravessa.
Na oração aos parlamentares, em Washington, Zelenky acentuou três pontos: defesa da liberdade, ampliação das sanções aos políticos russos e segurança ao espaço aéreo ucraniano.
Na defesa da liberdade, ele se coloca contra os autocratas. E alinhado aos valores democráticos. Ficou ao lado de Joe Biden, de Emmanuel Macron e Olaf Scholz. Contra Putin, Bolsonaro e Maduro. Não se trata mais de direita e esquerda. Trata-se de ditadores e democratas.
Na ampliação das sanções a políticos russos, a estratégia é imobilizar o sistema de apoio interno ao ditador do Kremlin. Minar as bases do dispositivo doméstico que dá suporte ao voluntarismo pessoal de Moscou. E, com isso, criar fissuras na estrutura ministerial do governo russo. Como já vem fazendo com a plutocracia das dachas.
No capítulo da segurança do espaço aéreo ucraniano, Zelensky sente a urgência de parar as investidas das asas da morte. Ao menos, em parte. Combatendo com lapsos mínimos, senão de igualdade, de eficiência. Sob pena de, em algum tempo, só restarem corpos a serem enterrados.
Mas, quero destacar o tom final do discurso do ucraniano: a guerra pede uma liderança. Não um líder qualquer. Um líder comprometido com valores da democracia. E da paz.
Após a violenta invasão do Congresso norte-americano pelas milícias de Donald Trump, surge um aceno sensato. Um aviso ao futuro. Pelos valores que orientam o senso construtivo da humanidade. A guerra continua sendo: democracia contra ditadura.
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