Cristovam Buarque
Após um rápido histórico dos ciclos econômicos brasileiros, o artigo analisa os avanços e o esgotamento do modelo da social democracia brasileira do período Itamar/Fernando Henrique/Lula/Dilma e aponta para a necessidade de uma nova inflexão histórica em cada um dos pilares desse modelo. O que justifica a necessidade dessa inflexão é não apenas o esgotamento do modelo, mas também a atração por um novo propósito civilizatório ausente nesses últimos 20 anos. A inflexão exige ainda a consideração de estratégias estadistas de longo prazo no lugar das atuais táticas equilibristas no curto prazo e que olhe o futuro das próximas gerações, onde a educação tem um papel central…..
Cristovam Buarque . A inflexao necessária – texto completo em word.
Engenheiro, doutor em economia, professor titular da Universidade de Brasília e Senador da República pelo Distrito Federal. É colaborador da Revista Será?
Quando a civilização perceber que além da globalização precisamos encarar o planeta como um todo, onde cada um é responsável por ele e por todos. Quando o individualismo e o egoísmo não fizer mais parte do nosso mundo e o dia em que visaremos o “ser” e não o “ter”.
Do ponto de vista das obrigações de governos, sobre o imprescindível e o necessário e o fundamental, acredito que o foco primeiro deva ser o de saneamento básico, que por si previne os problemas de saúde/mortalidade.
Uma legislação inteligente “preventiva” de acidentes garante economia em saúde e previdência. Foco no homem que tem pernas com vistas as quatro rodas.
Dos incentivos, digo que a moradia vem em primeiro lugar. O homem precisa de domicílio para exercer cidadania, é o princípio. Atentos, por favor, aos devidos cuidados com os espertalhões de plantão, o superfaturamento e a especulação imobiliária.
No mesmo plano vem os incentivos na geração de empregos.
Educação é o investimento seguro, o Estado precisa de especialistas diversos. Quanto a mobilidade é necessária, escoamento de produção.Etc.
Os incentivos na produção e na distribuição de alimentos e de água limpa, sem o que não se diminui os gastos com saúde. Garantimos assim felicidade e renda. Que permite mais investimentos em educação, mais educação e mais felicidade.
Educação é também conseqüência direta do sucesso de investimentos bem direcionados, focados e de fiscalizada execução . Existem outros modelos, outros regimes, socialistas por exemplo.
Confio em Vossa excelência, Senador C.Buarque.
Obrigada!
Gostei. Gostei muito, Cristovam. Mesmo nas idéias já conhecidas e debatidas, você consegue explicá-las de maneira original e elucidativa. Como, por exemplo, na apresentação dos ciclos, quando você diz que não mudaram pela ação transformadora da política nacional. Ou na brilhante análise do atual período de nossa social democracia, onde o sentido de continuidade compra, sem alarde, uma tremenda briga com os defensores do “nunca antes nesse país”.
Gostei também da movimentação dialética das idéias, o que já conhecia de outros artigos teus. Assim, os sete indicadores do progresso civilizatório para logo depois dizer da necessidade de um novo propósito civilizatório.
Só não comungo com a tua idéia de que o debate implícito na inflexão tenha nas eleições de 2014 um bom momento. Será? Pela nossa politicamente frágil experiência eleitoral, talvez as próximas eleições sejam apenas um pequeno passo nessa direção. A mobilização da sociedade, pelas redes sociais e a imprensa, quiçá por alguma manifestação mais efetiva de rua, será sem dúvida muito mais significativa na redescoberta da utopia. Acredito que nesse quesito de pensar um projeto grande de futuro, a esfera política, pelos vícios acumulados de muitas eleições sem commitment eleito X eleitor, só entrará em ação se pressionada por movimentos da sociedade.
Abraço,
teresa