Conselho Editorial

O propósito último de uma economia é o consumo de bens e serviços da população. Neste sentido, os incentivos governamentais e a expansão acelerada do consumo dos brasileiros de todos os níveis de renda, seria um grande avanço na economia. Será? Não, representa, no máximo, um mecanismo de contenção da recessão econômica com alegria transitória e enganosa da população. A ampliação do consumo tem que ser acompanhada de alto investimento para aumentar a capacidade de produção; e investimento requer poupança, ou seja, não consumo. Ao longo de três décadas, a taxa de investimento no Brasil, flutuou em torno de 18% do PIB-Produto Interno Bruto; simplificando seria o mesmo que dizer que 82% do que é produzido foram consumidos, pelas famílias ou pelo governo; na China que tanto invejamos, o investimento alcança 40% do PIB.

Com crédito fácil e a perder de vistas, o brasileiro embarcou em um consumismo desenfreado, em parte pelas carências acumuladas nas classes média e baixa e em parte pela compulsão consumista cujo máximo prazer reside em exibir-se para os outros, esbanjar luxo e futilidade. Para acompanhar esta sanha consumista sem investimento elevado, ou importamos ou aceitamos a inflação; no caso dos brasileiros, o que temos visto, além do mais, é um enorme endividamento das famílias, principalmente as mais pobres e com o cartão de crédito de juros estratosféricos. E para consumir e desperdiçar que bens? Carros, últimas versões de eletrodomésticos, e quinquilharias em geral. Isso é desenvolvimento?