A Câmara de Deputados do Uruguai aprovou proposta ousada e radical do Governo para enfrentamento do tráfico de drogas no país: o controle estatal da produção, da distribuição e da comercialização da maconha e a regulamentação do consumo da cannabis no território uruguaio. A proposta é polêmica, foi aprovada por pequena margem e é rejeitada pela maioria da população. Mas, apesar da incerteza em relação aos seus resultados no combate ao crime organizado, a política de descriminalização da maconha do governo uruguaio não é uma aventura irresponsável e tem fundamentos lógicos e convincentes. Em primeiro lugar distingue a maconha dos outros entorpecentes que se propagam de forma devastadora na população jovem na medida em que  o efeito psicológico e social do consumo da maconha é totalmente diferente da cocaína e do crack e não parece ser pior que as chamadas “drogas lícitas”, o cigarro e a bebida alcoólica. O governo uruguaio entende, corretamente, que o problema das drogas não reside no seu consumo, mas no tráfico e no controle ilegal da produção e da comercialização, o que gera toda forma de violência. Além de assumir o comando da produção, a comercialização será feita através de uma rede de farmácias credenciadas para venda de até 48 gramas da erva por mês a consumidores registrados. É uma inovação e uma aposta. Tem riscos? Tem. Pior, contudo, é a certeza de que o crime organizado está ganhando a guerra pela juventude.

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