A recente e intensa discussão em torno dos graves problemas da Cidade do Recife tem levado à formulação de interessantes propostas de reordenamento do espaço urbano e de enfrentamento dos entraves de mobilidade. No entanto, quase sempre a análise e as recomendações se concentram na planície e nas áreas urbanizadas, especialmente nos bairros do Centro expandido do Recife, com pouca ou nenhuma referência às favelas que se espalham pelo município, deteriorando a qualidade de vida das pessoas e degradando a cidade. Recife tem, de acordo com estudo recente do IBGE, 109 aglomerados subnormais, conjunto de, no mínimo 51 unidades habitacionais carentes dos serviços essenciais e dispostas de forma desordenada e densa; estas favelas concentram 21,7% dos domicílios recifenses onde vivem quase 350 mil habitantes, cerca de 22,8% da população total do município (no ano 2000 eram 135 mil moradores das favelas). Em dez anos, de 2000 a 2010, a população do município cresceu apenas 0,78% ao ano, enquanto a população residente em aglomerados subnormais cresceu 10% ao ano (quase triplicou numa década).  Esses dados evidenciam a gravidade do problema urbano do Recife com mais de um quarto da população vivendo em condições precárias e com alta promiscuidade social, ambiente fértil para degradação social e proliferação das drogas. O planejamento urbano e metropolitano do Recife tem que incorporar uma estratégia abrangente e consistente para enfrentar esta dramática situação.