2013 tinha tudo para ser o ano mais morno da história recente do Brasil. A economia patinou com modesto crescimento, a política de estímulo ao consumo esgotou-se, e foram visíveis os sinais de desequilíbrios macroeconômicos (pressão inflacionária, déficit público elevado e dificuldades cambiais) apesar do discurso governamental. Na política, uma total mediocridade, discursos e medidas pontuais e puxadinhos irrelevantes, debates estéreis e negociatas. E, no entanto (e talvez por isso), 2013 foi o ano da grande rebelião da população brasileira contra a insensibilidade política, a corrupção e a degradação dos serviços públicos, jogando por terra a propaganda oficial do país sem pobreza. As manifestações de junho, mobilizando milhões de brasileiros em todo o país, romperam com a apatia política do Brasil, liberando uma insatisfação social acumulada e contida. 2013 lançou esta advertência grave e contundente a governantes e políticos, advertência que estará presente durante os próximos anos. Outro importante fato político que agitou este ano, nada morno, foi o julgamento e a condenação pelo STF de renomados e poderosos políticos brasileiros que, contra todas as expectativas, foram presos e vão cumprir penas pelos crimes contra o patrimônio público. Assim, 2013 deixa um recado aos políticos (governantes e parlamentares): os brasileiros estão muito insatisfeitos com a sua prática e com a realidade brasileira, e as instituições democráticas no Brasil estão sólidas e ativas contra a ilegalidade dos poderosos.